Novos policiais militares devem chegar aos batalhões do Grande ABC até o fim deste ano. A garantia é do governador Geraldo Alckmin dada durante cerimônia de inauguração do piscinão Paulicéia, em São Bernardo. A promessa é de que o primeiro grupo de soldados seja enviado à região a partir de junho. "A medida que novos soldados se formarem na escola da Polícia Militar, o que deve ocorrer no meio deste ano, serão enviados aos batalhões do Grande ABC", afirma. Alckmin, entretanto, não soube precisar quantos policiais vão incorporar o contingente da região nem citou datas exatas.

O Grande ABC tem hoje 3.288 policiais militares (veja quadro nesta página), mas é preciso que tenha mínimo de 3.545, segundo cálculo do governo do Estado, que avalia a necessidade de segurança nas cidades considerando índices criminais e número de habitantes. Existe uma defasagem, portanto, de 7,8% no efetivo de policiais militares no Grande ABC. Os últimos 177 soldados encaminhados aos sete municípios iniciaram atividades na semana passada.

O governador afirmou que o secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, que não participou da cerimônia, teria detalhes sobre os reforços anunciados ontem. As informações complementares foram solicitadas pela reportagem à assessoria de imprensa da secretaria. Mas a assessoria apenas divulgou nota oficial afirmando que os novos policiais serão enviados de forma "gradativa, conforme novas formaturas".

Alckmin atribui o envio de policiais ao Grande ABC ao projeto de reestruturação da Polícia Militar, aprovado há três meses. Foi esse mesmo projeto que permitiu a criação de dois novos batalhões na região, um em Santo André e outro em São Bernardo. Também prevê abertura de vagas para policiais militares. Questionado se seria possível criar novos batalhões com novas companhias, Alckmin respondeu: "Pode ser que seja possível, aí precisamos verificar com o secretário de segurança."

Na prática, a reestruturação consiste, por enquanto, em apenas dividir os batalhões existentes nessas cidades e trazer soldados aleatoriamente, conforme a conveniência e sem controle de vagas. O novos 40º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de São Bernardo e 41º BPM de Santo André ainda não operam em sede própria nem participam da rede de rádio da polícia no Grande ABC. Por enquanto, ficam à espera dos recursos pingados do Estado. O governo afirma que a aplicação do projeto vai até o fim deste ano.

As novas unidades herdaram metade das companhias (subdivisão de um batalhão por áreas) dos dois já existentes nas cidades. O que, para o governador, torna a PM mais eficiente. "A área de atuação é menor, há mais eficiência no planejamento, na ação. Com a divisão, podemos cobrar mais dos comandos."

A situação torna-se mais preocupante quando se tem noção do efetivo real na região. Do contingente total, 10% desempenham atividades administrativas e 24% estão em dispensa por férias, licença maternidade ou tratamento de saúde, entre outro motivos. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda um policial para cada grupo de 300 habitante, mas no Grande ABC há um para cada 614 pessoas, levando em conta o total de policiais militares e civis. Portanto, cada policial da região está sobrecarregado com o dobro de acordo com critério da ONU.