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Queda da Selic tem pequeno efeito no crédito final
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/04/2004 | 00:06
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A redução da Selic (a taxa básica de juros da economia), de 16,25% para 16% ao ano, realizada pelo Banco Central, terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito de bancos e financeiras. Na média, deverá significar a retirada de 0,02 ponto porcentual nas taxas mensais cobradas do consumidor e das empresas, de acordo com cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Segundo a associação, alterações nas taxas já feitas por instituições financeiras logo após o anúncio de baixa da Selic indicam a confirmação dessa projeção.

O HSBC Bank Brasil, por exemplo, reduzirá a partir de 3 de maio a taxa máxima de juros do cheque especial PF (pessoa física) de 8,21% ao mês para 8,19%, e a de capital de giro para empresas, de 4,68% para 4,66% ao mês. O Itaú passa a adotar, a partir desta sexta, 8,25% ao mês para o cheque especial pessoa física (era 8,27% antes) e no desconto de duplicatas, baixou de 3,33% para 3,31%.

A Caixa Econômica alterou nesta quinta a taxa para o crédito pessoal antecipação de restituição IR para 2,70% a 2,90% (era 3,55%) e baixou os cartões de crédito da máxima de 9,58% para 9,54%. O Bradesco reduziu os juros máximos do especial (PF) de 8,08% para 8,06%, e os do capital de giro de 6,02% para 6%. E a Nossa Caixa altera nesta sexta a taxa do especial (PF) de 7,95% para 7,90%, e a do desconto com garantia de cheque, de 2,45% para 2,18%.

Ainda segundo a Anefac, a média das linhas de crédito pessoa física atinge 142% ao ano, o que provoca uma variação de mais de 770% entre a Selic e a ponta do consumo. No caso de financeiras, em linhas de empréstimo pessoal, essa variação pode chegar a mais de 1.200% ao ano.

Psicológico – Para o presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, se há pouco efeito prático, a queda da Selic tem um efeito psicológico, ao apontar para o consumidor que a economia tende a melhorar. O economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) Marcel Solimeo tem avaliação semelhante. "É mais importante como sinalização de tendência do que como resultado efetivo nos custos financeiros para empresas e consumidores", disse Solimeo.

Tímida – Mas, de modo geral, entidades empresariais e especialistas consideraram tímida a redução da Selic. "É muito pouco,há uma queda de renda da população. Precisamos de mais produção e investimentos", disse o diretor do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), Júlio Almeida.

"Não vai melhorar nada para o setor produtivo", afirmou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, que lembra que o país é vice-campeão dos juros reais, com taxa anual de 9,97%, atrás apenas da Turquia.

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Shotoku Yamamoto, considera que o BC comete um erro, já que não há pressão inflacionária do ponto de vista da demanda interna. O economista da consultoria Global Invest, Alex Agostini, avalia que o governo está perdendo uma oportunidade de reduzir mais os juros. Para ele, cresce o risco de o BC americano elevar neste ano seus juros básicos e o BC brasileiro precisa baixar bastante a Selic para dar um alento para a atividade econômica interna.




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