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Tesouros de Maraú
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
01/04/2010 | 07:00
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Já Barra Grande, distrito de Maraú, é um sossego só. O vilarejo de pescadores até chega a ter certo agito na alta temporada, mas, no geral, o que se vê são hippies vendendo artesanato pela praça, pequenas lojas e casais apaixonados deliciando-se com a comida caseira dos restaurantes.

A natureza, no entanto, é quem dita o tom dos passeios tanto em Itacaré quanto em Barra Grande. Na primeira, o segredo é acessar a estrada para Ilhéus, que concentra as melhores praias e os mais luxuosos estabelecimentos de hospedagem num raio que vai de seis e 20 quilômetros do centro. Na segunda, os destaques ficam por conta das piscinas naturais da praia de Taipus de Fora, do banho relaxante na Lagoa do Cassange e do passeio de escuna ou lancha pelos mangues e ilhas da península de Maraú.

Uma semana chega a ser pouco para desvendar todas as belezas do trecho litorâneo compreendido entre a badalada Itacaré e a ainda rústica Barra Grande. Não só devido ao imenso leque de opções de passeios que a região oferece como também pela precariedade do percurso, que abrange várias partes de estrada de terra onde o velocímetro dos motoristas mais ousados sequer alcança os 15 quilômetros por hora. Quem se importa? Afinal não há nada melhor para forçar o viajante a engrenar no ritmo baiano.

Mas se você quiser experimentar de tudo um pouco do que a região oferece, é importante não perder tempo diante do farto menu de passeios para todos os gostos. Para percorrer todos os recantos mais encantadores da península de Maraú e arredores, é indispensável recorrer aos passeios oferecidos pelas operadoras locais. Apesar da variação de preços, esses roteiros são a única forma de conhecer praticamente todas as maravilhas terrestres, marinhas e subaquáticas da região em três ou quatro dias.

Nas proximidades de Barra Grande, o tour de jipe - ou em outros veículos 4x4 - exige que se incorpore certo espírito de aventura para sacolejar na interminável sequência de buracos das trilhas locais. O incômodo é recompensado pelas paisagens que se sucedem. Em geral, a brincadeira passa pelos principais atrativos em terra: o Morro do Farol, a Lagoa Azul, o Morro do Celular, a Trilha das Bromélias e a Praia de Taipus de Fora (ou Taipu, como preferem alguns nativos).

É improvável que aconteça, mas, caso esta última não esteja incluída no roteiro, bata o pé. Exija que a praia faça parte do programa, de preferência na maré baixa, quando descortinam-se os corais que formam deliciosas piscinas naturais. Snorkel e máscara a postos, hora de se divertir com o desfile de peixinhos coloridos que nadam despreocupados. Uma beleza de momento.

No segundo dia, a pedida é percorrer a baía de Camamu no passeio marítimo que visita ilhas e praias desertas, com parada para almoço. Há algumas variações entre operadoras, mas os programas contemplam especialmente as comunidades das ilhas de Campinho e do Sapinho (imperdíveis pela atmosfera pesqueira); a Ilha do Goió (ótima para banho); a Ilha da Pedra Furada (que recebeu este nome devido à ação de moluscos que perfuraram as rochas); e a Coroa Vermelha, um enorme banco de areia que alberga dezenas de estrelas-do-mar.

Caso o passeio contemple a Cachoeira do Tremembé, o valor fica mais caro. Mas, como o comercial do cartão de crédito diz, há coisas que não têm preço. A queda d'água derrama as águas doces diretamente no mar e é possível banhar-se sem sequer sair do barco. Merece ou não o sutil desprezo pela conta bancária? O roteiro também costuma incluir a Vila de Cajaíba, onde a fabricação artesanal de embarcações é atração.

Para finalizar, outro passeio pode ser rumo às maravilhas do fundo do mar, indicado não só aos que são habilitados como àqueles que nunca mergulharam na vida e têm ali uma boa oportunidade de fazer o batismo, orientados por instrutores.

Depois desses dias, é possível dizer que se conheceu quase tudo o que a península de Maraú tem a oferecer: por terra, mar e debaixo d'água. Mesmo assim, a vontade de ficar por lá mais alguns dias é inevitável. Bem como a de retornar à região o quanto antes. Antes que multidões descubram aquele pedacinho da Bahia, tão isolado quanto deslumbrante, e ele deixe de ser "só nosso", como um dia Porto Seguro, Trancoso e Morro de São Paulo foram. O jeito é arrumar as malas, definir o roteiro e embarcar na aventura à la Cabral de redescobrir o Sul baiano enquanto é tempo.




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