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James Bond vira objeto de estudo de intelectuais em Paris
Por Da AFP
15/01/2007 | 16:52
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Nascido com a Guerra Fria, mas um sobrevivente dela, o personagem James Bond aparece hoje como um dos grandes personagens da cultura de massas do nosso tempo, como um mito de múltiplas conotações, digno de reunir meia centena de intelectuais em Paris para estudá-lo.

"História cultural e apostas estéticas de uma saga popular" é o título do sério colóquio organizado pela Biblioteca Nacional da França, as universidades de Versalhes e Nanterre e o Conservatório Europeu de Estudos Audiovisuais, que reunirá entre 16 e 18 de janeiro sociólogos, semiólogos, antropólogos e historiadores de Europa, Estados Unidos e Canadá, dispostos a analisar cientificamente o fenômeno 007.

James Bond, personagem de romances de espionagem, criado por Ian Fleming em 1953, virou um fenômeno social graças ao cinema. Os 22 filmes da série são, há 44 anos, "a mais longa série de toda a história da Sétima Arte", destacam os organizadores do colóquio.

De "007 contra o Satânico Dr. No", de 1962, a "Cassino Royale", de 2006, os filmes são, antes dos romances, "excelentes testemunhos da história cultural das nossas sociedades e de suas evoluções" e "possuem uma singularidade que merece ser reavaliada", afirmam.

Durante anos, o personagem James Bond não só esteve presente em livros e filmes, mas também em anúncios publicitários e revistas de gastronomia e política.

"E, no entanto, não é tanto a multiplicidade das dimensões desta presença que é notável, mas sua persistência. A princípio porta-estandarte anglo-saxão da Guerra Fria, James Bond soube resistir às evoluções políticas e audiovisuais que marcaram o último meio século", destaca o historiador Vicent Chenille, um dos participantes do colóquio, que apresentará uma palestra sobre a dimensão mítica do personagem.

Em suma, o assombroso não é que o espião da Guerra Fria tenha saído garboso dos confrontos com o dr. No ou com Goldfinger, mas que tenha sobrevivido à queda do Muro de Berlim, aos atentados de 11 de Setembro e à era da internet.

Mas estudar Bond historicamente exige situar o personagem em seu contexto, compreender seu lugar na cultura de massas e analisar suas principais transformações, dado que, desde seu nascimento nos livros até sua exploração em video games, o 007 teve diferentes trajetórias, vozes, formas e rostos.

Os organizadores do colóquio lembram que James Bond não foi considerado praticamente objeto de estudo legítimo desde 1965, quando Oreste del Buono e Umberto Eco publicaram "Il caso Bond" (O Caso Bond, numa tradução literal), com raras exceções, como o livro "James Bond: héros mythique" (literalmente, James Bond: herói mítico), publicado em 1980 por Gérard Lehman, que explicava os vínculos do personagem com a literatura heróica antiga e medieval.

"James Bond, o mito da reação vital", "Metamorfose e permanência da personalidade bondiana", "A Geopolítica de James Bond", "A Evolução das Figuras Femininas nos filmes de James Bond", "James Bond, o cinema de ação e a estética pop", "O universo em tensão dos romances de James Bond", "James Bond, do romance populista ao filme popular: a angústia da conspiração e do superpoder capitalistas", "A morte no desjejum: na mesa de um agente secreto" e "007, um herói que se adapta" são alguns dos temas que serão debatidos pelos participantes do colóquio na Biblioteca Nacional da França.




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