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CD mostra a gaita descontraída de Flávio Guimaraes
Por Leonardo Blaz
Da Redaçao
30/01/2000 | 16:53
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A gaita nao é e nunca foi um instrumento muito presente em território nacional. Por isso, o lançamento de um disco de um gaitista brasileiro, ainda mais se ele se mostrar competente em seu ofício, deve ser comemorado. É o caso de On the Loose (Eldorado, R$ 18 em média), segundo trabalho solo de Flávio Guimaraes, um dos fundadores do já lendário Blues Etílicos. Com participaçoes de músicos como Charlie Musselwhite, também gaitista, o disco exala blues autêntico e mostra que os gringos nao sao os únicos a passear por esse gênero.

A maior virtude do álbum é transportar o ouvinte a um clima muito semelhante ao de uma descontraída apresentaçao ao vivo. Apesar de Flávio cantar bem, e de contar com a participaçao da potente voz de J.J. Jackson em algumas faixas, as músicas instrumentais sao o que há de melhor no CD. As faixas Berimbau Nao É Gaita e Blowin' the Family's Jewels, por exemplo, trazem Bruce Henry no contrabaixo e André Tadeta na bateria. O resultado é uma agradável cozinha. Destaques também para Boogie pro Rafa, dedicada ao filho do gaitista, e Tributo a William Clarke, uma homenagem ao bluesman morto precocemente em 1996. A faixa, ainda que com quase 10 minutos de duraçao, nao enfastia nem um pouco.

Ao contrário do que ocorre em Little Blues, primeiro álbum de Flávio - CD com participaçoes de Paulo Moura, Ed Motta, Roberto Frejat e o bluesman norte-americano Sugar Ray -, On the Loose nao abriga as influências do rock. "O diferencial desse projeto em relaçao ao anterior é a sua grande coerência com o blues. Além disso, como tive mais tempo, as condiçoes de mixagem e de explorar alguns recursos resultaram em um trabalho mais bem acabado", explica o instrumentista.

Consciente de que dificilmente venderá milhoes de cópias, e de que tampouco terá suas faixas executadas nas rádios, Flávio tem pouco a lamentar: "Apesar de a grande mídia dar pouco espaço ao blues, sempre haverá um público fiel. A situaçao era muito pior quando comecei, pois só existia uma meia dúzia de bandas amadoras. Hoje, contamos com vários grupos profissionais". Sem contar os dois álbuns, os sons da gaita de Flávio também podem ser apreciados em trabalhos de outros artistas, como Luiz Melodia, Zélia Duncan, Almir Sater e Kid Abelha.

Blues Etílicos - A bem sucedida parceria de 14 anos com Cláudio Bedran, Otávio Rocha, Greg Wilson e Pedro Strasser no Blues Etílicos deve se estender por mais tempo. "Meus discos solos nao sao, de maneira nenhuma, indícios que irei abandonar o grupo. Além de projetos pessoais, esses álbuns também sao uma forma de me reciclar, de entrar em contato com outros músicos", conta o gaitista.

O primeiro álbum do Blues Etílicos, lançado em 1987, é considerado a estréia brasileira de uma autêntica blues band. Logo na segunda gravaçao, em 1989, Agua Mineral se consagrou como o disco do gênero mais vendido no Brasil, fato que se repetiu com San-Ho-Zay, em 1990. Desde 1996, quando lançou Dente de Ouro, o grupo se mantém afastado dos estúdios.




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