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Lula defende integração da América do Sul e 'esquece' a Alca
Do Diário OnLine
Com Agências
14/01/2004 | 00:29
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, durante discurso na Cúpula Extraordinária das Américas, em Monterrey (México), a "integração física da América do Sul". Ele declarou ainda que pretende fortalecer o Mercosul durante seu governo, mas não fez nenhuma citação direta à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que tem sido defendida com ênfase pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

Lula disse que espera a participação de outros países sul-americanos e latino-americanos no Mercosul, para que ele seja fortalecido. O presidente avaliou que a "tão sonhada integração física da América do Sul" deve acontecer nos próximos anos, "se Deus ajudar e não houver crise maior".

Discursando sobre o tema Desenvolvimento Social, Lula mencionou os programas Bolsa Família e Renda Mínima como exemplos do que o governo brasileiro tem feito para reduzir a miséria e transferir renda para 1,9 milhão de famílias que vivem na pobreza absoluta. "Esses programas são a mola-mestre do desenvolvimento (...). São ações para semear oportunidades de trabalho e renda que fortalecem a segurança alimentar das comunidades mais pobres", afirmou.

Lula também lembrou que, ao lado do governo da África do Sul, o Brasil defende a criação do Fundo Mundial Contra a Fome. O presidente brasileiro afirmou ainda que no próximo dia 30 de janeiro viajará, junto com o secretário-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, e o presidente da França, Jacques Chirac, para Genebra (Suíça), com o intuito de "aprofundar idéias e convidar líderes mundiais a se engajarem nesse esforço global".

Com a nítida intenção de não causar polêmica, mas ao mesmo tempo não deixar de mandar um recado para os Estados Unidos, Lula criticou indiretamente a Alca idealizada pelos americanos. De acordo com o governante brasileiro, os organismos financeiros internacionais têm de "preservar a capacidade dos Estados Nacionais de formular políticas industriais, agrícolas, de ciência e tecnologia, sociais e ambientais".

Sem se intimidar com a presença de representantes norte-americanos, entre eles Bush, Lula prosseguiu nas suas críticas ao imperialismo dos EUA. "Muitos dos conflitos e tensões atuais decorrem de uma ordem internacional em que a distribuição da riqueza é injusta e faltam oportunidades para os países mais pobres se desenvolverem", defendeu.

Otimismo - Lula se disse mais otimista atualmente do que quando assumiu o governo e enumerou os motivos, citando o aumento da credibilidade do Brasil no exterior; a aprovação das reformas tributária e da Previdência; o aumento das exportações; a expectativa de produção agrícola recorde; a existência de mais dinheiro para os investimentos em saneamento e habitação; e a relação com os outros países da América do Sul, considerada por ele a melhor da história.

Documento - O documento da Cúpula Extraordinária das Américas, concluído na noite desta terça, não agradou completamente aos interesses do Brasil. O país, desde o início, defendia a não inclusão de questões relacionadas a Alca no texto final.

Segundo a 'declaração conjunta' assinada por todos os Chefes de Estado, inclusive Lula, os prazos de formação da área de livre comércio deverão ser respeitados. Porém, não fica claro no documento quais são essas datas. Se for de acordo com as pretensões dos Estados Unidos, esta data é 1º de janeiro de 2005 – o que desagrada profundamente ao presidente Lula.

Balanço - Ao fazer um balanço da Cúpula Extraordinária das Américas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a produtividade dos encontros bilaterais realizados com Chefes de Estado latino-americanos.

O governante brasileiro elogiou a iniciativa de México e Estados Unidos de criar um grupo de países para ajudar a Bolívia a sair desta grave crise econômica. "Todos nós queremos ajudar a Bolívia. Os Estados Unidos possui uma política antiga de ajuda aos bolivianos. O Brasil não quer paternidade, quer parceria no sentido de encontrar uma saída que resolva um problema político e econômico da Bolívia", disse.

Lula aproveitou para anunciar que na próxima semana, a ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, viajará para La Paz para iniciar uma série de discussões sobre projetos futuros de construção de um pólo de gás químico entre os dois países e a saída de gás boliviano pelo gasoduto brasileiro.

O presidente também ressaltou o fato do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já ajuda no financiamento de obras de infra-estrutura na Bolívia. "O que nos interessa é que a Bolívia esteja em paz e muito tranqüila porque temos mais de 3 mil quilômetros de fronteira."

Venezuela - O presidente brasileiro afirmou que durante sua conversa com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sobre os problemas sociais que a Venezuela está enfrentando. Para Lula, o presidente Hugo Chávez é quem deve encontrar a solução mais adequada para o seu país.

"Torcemos para que a Venezuela encontre uma solução democrática para seu problema político. Há uma comissão eleitoral que cuida da organização do referendo .A oposição está buscando assinaturas, o governo quer fiscalizar para ter certeza de que são fidedignas, há delegações internacionais acompanhando. Acho que se analisarmos hoje, comparada há anos atrás, a Venezuela deu passos excepcionais para concretizar a democracia", disse Lula.




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