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Em uma semana, 700 mil objetos deixaram de ser entregues na região

Diante de impasse, MPT pede que TST medie acordo entre os trabalhadores e os Correios

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
26/08/2020 | 00:05
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Denis Maciel/DGABC


A greve dos trabalhadores dos Correios completou uma semana ontem. Com isso, deixaram de ser entregues cerca de 700 mil objetos no Grande ABC, sendo em torno de 100 mil por dia nos 19 centros de distribuição das sete cidades. A estimativa é do Sindect (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo e Zona Postal de Sorocaba). Desde o início da semana, o movimento ganhou força. Até então, 70% dos 1.200 funcionários da região estavam com os braços cruzados e, de segunda-feira para cá, o percentual passou a 80%.

Neste cenário, filas têm se formado nos centros de distribuição da região, à espera para retirar cartas e mercadorias. É o caso do vendedor Renato Ferreira Lima, 55 anos, que foi ontem até unidade em Santo André porque precisava retirar a placa de seu notebook, essencial para seu ofício, que comprou pela internet. “Esta foi a terceira vez. Pelo rastreador do site dos Correios, essa peça já está lá, mas como só há funcionários terceirizados, eles não podem mexer. Antes, já havia ido no depósito da Avenida dos Estados, mas sem sucesso.” Para ele, a paralisação prejudica muito as pessoas neste momento de pandemia, e o consumo pela web aumenta muito, segundo ele. “Sei que estão parados, mas não o motivo.”

A categoria protesta contra a retirada de direitos trabalhistas pela estatal e pela falta de medidas para proteger os funcionários em meio à pandemia do novo coronavírus. A empresa entende que o acordo coletivo acabou em 1º de agosto e cancelou 70 de 79 cláusulas do acordo.

Ontem, o MPT (Ministério Público do Trabalho), por meio da Procuradoria Geral do Trabalho, requereu oficialmente ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) a reabertura do processo que resultou no dissídio coletivo com validade por dois anos. No pedido, o MPT destacou a insegurança jurídica provocada pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Na sexta-feira, o STF havia suspendido o acordo coletivo da categoria.

José Luiz de Oliveira, diretor do Sindect, explica que, em 2019, houve julgamento no TST que manteve quase todo acordo, mas tirou os pais do convênio e aumentou a mensalidade, com validade de dois anos. “Só que um mês depois, Dias Tofolli (presidente do STF) concedeu liminar suspendendo a cláusula do plano de saúde e, com isso, houve aumento abusivo que fez milhares de trabalhadores saírem do convênio”, contou. “Decisão do STF gerou revolta nos trabalhadores. O Brasil está passando por momento em que não existe Justiça, que ganhou teor político e foge do que rege a Constituição.” Hoje ocorre a primeira reunião entre Correios e trabalhadores com a mediação do TST.

(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo)
 




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