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Bicicleta vira aliada para trabalhar na quarentena

Moradores da região enfrentam muitos quilômetros diariamente para complementar renda

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
15/06/2020 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Com a pandemia pelo novo coronavírus, muitos profissionais precisaram buscar alternativas como novo meio de obter renda, por causa do desemprego ou diante da redução dos serviços que prestavam.

No caso dos moradores de São Caetano, a cabeleireira Fernanda Ruy, 48 anos, e o namorado, o motorista de van escolar Paulo Moreira Sales, 46, a crise atingiu em cheio o bolso. Ela teve de fechar o salão de beleza. Ele não tinha alunos para transportar com as escolas fechadas como medida para impedir a proliferação do vírus. A solução foi optar em unir o útil ao agradável, no caso, a paixão pela bicicleta com as entregas pelos aplicativos.

Ciclistas já de longa jornada, Fernanda e Paulo encontraram nos aplicativos um jeito de complementar a renda que tinham guardado caso houvesse necessidade de usar, porém, o novo trabalho não foi como esperado para os bikers (ciclistas urbanos). “Logo em março, nos cadastramos no aplicativo de comida, mas sabíamos que até você ter um engajamento financeiro, demora, pois você precisa esperar os pedidos e a concorrência é grande”, destaca Fernanda. 

O casal chegou a desistir pela baixa demanda das entregas, tanto na região, quanto em São Paulo, mas tentaram novamente. “Teve um dia que rodamos 60 quilômetros e fizemos uma entrega. Sabíamos que estávamos no começo, mas, mesmo assim, é complicado”, declara a cabeleireira, que, com isso, resolveu montar o próprio serviço de entrega com o namorado, focado mais em documentos, serviços gráficos e compras em farmácias e supermercados.  

Desde o fim de março, o casal agenda os atendimentos pelo Instagram (@fedeliverypink) e ainda destacam que o maior desafio não está na distância das entregas e, sim, nos perigos do trânsito e agora na transmissão do coronavírus. “Na semana passada fomos até Guarulhos, cerca de 105 quilômetros, e não temos problema com isso. Não temos essa dificuldade no trânsito, pois conhecemos os caminhos, mas não desafiamos, principalmente, em rodovias, onde ainda falta muito respeito aos ciclistas”, alerta a biker. Por semana, Fernanda percorre em média 400 quilômetros. 

á no caso do entregador Sérgio Coelho Adler, 54, a oportunidade das entregas com a bicicleta surgiu no início do ano. O morador de Santo André estava desempregado e encontrou nas entregas uma forma de complementar sua renda mensal. Também com uma história longa no ciclismo – desde os 14 anos de idade – Adler realiza os atendimentos das 11h às 14h e das 18h às 22h, todos os dias. Em cinco meses, foram mais de 470 entregas. 

“Antes estava fazendo apenas ‘bicos’ na área industrial e de informática, mas não estava sendo suficiente. Minha idade para o mercado de trabalho também atrapalhada e, com isso, me adaptei as condições atuais”, comenta Adler, que recebe pedidos dos shoppings da cidade e restaurantes. “O que eu percebo nesta época de pandemia é uma maior concorrência, ou seja, uma grande demanda de pessoas, vindo de outras áreas, que perderam seus empregos ou estão impedidos de trabalhar, para buscar nova fonte de renda”, comenta o biker.

Por semana, Coelho entrega uma média de 60 pedidos e percorre pelo menos 50 quilômetros por dia. “Desde que entramos na quarentena, eu não parei de fazer minhas entregas. Uso máscara e cada duas horas eu troco para não ter problema. Além disso, higienizo minha bolsa a cada entrega, pois assim eu me protejo e protejo os clientes também. É o mínimo que posso fazer”, finaliza. 




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