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Gaeco ABC irá investigar denúncia de Mensalinho

Acusação aponta pagamento a vereadores de Sto.André da legislatura passada por núcleo da gestão Grana

Por Fábio Martins
Do dgabc.com.br
16/01/2019 | 07:00
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O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, do Ministério Público, irá investigar denúncia de suposto esquema de pagamento de Mensalinho a vereadores de Santo André durante a administração do ex-prefeito Carlos Grana (PT, 2013-2016). A acusação envolve oito planilhas mensais, de janeiro a agosto de 2016, que indicariam repasses adicionais de valores de empresas a agentes públicos, incluindo parlamentares da legislatura passada e secretários da gestão. Grana nega as irregularidades.

A lista, publicada ontem pela Rádio CBN, encontra-se em poder da Promotoria. Na planilha, há descrição para quem o dinheiro era distribuído, constando o nome de 18 dos 21 vereadores – desses, nove ainda têm mandato –, menção de 11 partidos políticos e a citação de 27 empresas com grandes contratos vinculados à Prefeitura, além de aparecerem no rol despesas particulares com celular, postos de combustível, cestas básicas. No período de sete meses, essas companhias, interessadas na contrapartida do apoio político da Câmara, teriam repassado o montante de R$ 8,5 milhões.

As anotações, de acordo com as acusações, eram gerenciadas pelo então secretário de Governo, Arlindo José de Lima (PT), braço direito de Grana e responsável à época pela condução das licitações e articulação entre o Executivo e o Legislativo. O Diário constatou que o MP vai apurar a denúncia baseada em representação encaminhada ao Gaeco ABC. A Promotoria informou que ainda não possui inquérito em curso sobre os fatos, no entanto, “tomará medidas cabíveis quanto à análise de tais questões”.

As planilhas dão pistas a respeito dos beneficiários do eventual esquema. As supostas transferências das empresas, em um mês, variam de R$ 10 mil a R$ 405 mil, as de maior porte. As quantias sinalizadas a políticos, servidores comissionados e assessores indicavam pagamento extra entre R$ 5.000 e R$ 60 mil. Alguns nomes são mencionados em mais de uma ocasião no mês. Existem citações a gastos com campanha, no valor de R$ 1,7 milhão. Há informações, de bastidores, de que a denúncia, mais de dois anos após o fim da gestão petista, tenha cunho meramente pessoal.

Arlindo rechaçou qualquer ilegalidade. Segundo o ex-secretário, jamais houve planilhas de pagamento a vereadores no governo Grana, negando a veracidade das listas. “Nunca fiz esse tipo de lista irregular. Isso nunca saiu das minhas mãos. Não tem procedência alguma.”

Grana afirmou ter “absoluta clareza de que não existiu irregularidade na relação” entre governo e Legislativo no período. Para o ex-prefeito, a acusação não passa de “grande mentira”. “Foi criada por alguém com algum interesse, que ainda não sei qual. A relação com a Câmara era republicana”, disse, colocando-se à disposição para esclarecimentos. “Espero que o MP apure com toda lisura. Sou o maior interessado nesta investigação. No transcorrer (da apuração), a denúncia vai se virar contra, e vão ter de responder por falsa acusação e explicar sobre a real motivação deles.” 




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