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Servidores: manobra sustenta o presidente de Diadema
Por Dênis Cavalcante
Especial para o Diário
12/03/2005 | 17:55
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Manobra inusitada garantiu Damião Sudário da Silva no comando do Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema por mais 120 dias, quando nova diretoria deve ser eleita. Sexta-feira à noite, minutos antes do início da assembléia convocada para discutir o futuro de presidente e diretores acusados de irregularidades na condução da entidade, Damião distribuía utilidades domésticas entre os servidores.

Com três itens na pauta – a destituição dos cargos da direção, a criação de uma junta provisória, composta de cinco membros para comandar o sindicato, e a eleição dos membros da junta – a assembléia afastou Damião da presidência mas não impediu que participasse do grupo escolhido para administrar o sindicato.

Cerca de 300 sindicalizados participaram da assembléia, que começou agitada. Damião distribuiu brindes entre os presentes e foi acusado por adversários de compra de votos. “Não foi isso. Nós tínhamos uma festa marcada para antes da assembléia e a diretoria vetou. Como os brindes já estavam lá a gente sorteou”, defende-se o ex-presidente. Edredons, batedeira, ferro de passar, entre outros foram entregues ainda dentro da sacola da loja. Quando as votações começaram, funcionários públicos se enfureceram com o presidente. “Isso não é democracia. Tinha de ter sido uma votação mais organizada. Democracia é voto na urna, não só levantar o braço”, disse Sidney Soares, um dos presentes. Damião foi acusado de não permitir que opositores falassem. “Foi assim porque se todos que perderam o cargo falassem iria demorar muito”, diz o advogado do sindicato.

Após discussão e princípio de conflito entre alguns membros do sindicato, a primeira proposta foi aprovada e todos os ocupantes dos cargos da diretoria, inclusive o presidente, foram exonerados.

A segunda medida era a criação de chapas para concorrer à junta provisória. Damião e outros quatro ex-diretores aliados faziam parte de uma chapa, que acabou vencedora. A junta administrará o sindicato até julho, no máximo, quando será feita uma nova eleição – antecipando o calendário sindical, já que neste ano o mandato da atual diretoria seria encerrado e a eleição oficial estava marcada para novembro.

A assembléia foi convocada por alguns diretores para destituir o presidente do sindicato. Damião é alvo de várias acusações, entre elas a não apresentação de contratos, balancetes e notas fiscais de compras efetuadas pela entidade, além de não haver registro de atas de reuniões da diretoria. José Antoniel Gomes, o Zé da Bomba, principal opositor de Damião, discorda do resultado da reunião. “A diretoria não foi notificada formalmente de nada que acontece aqui, nós não aceitamos isso”, afirmou ele.

De acordo com o advogado do sindicato, Jefferson Martins de Oliveira, a participação de Damião em uma chapa é permitida pelo estatuto da entidade. “O estatuto só não permite isso (o ex-presidente participar de uma chapa) em caso de renúncia. Nesse caso ele pode. Pode até se candidatar à presidência. A destituição do cargo não aconteceu por nenhum motivo grave”, justificou.



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