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Clã Tortorello está indefinido à eleição

Família tradicional na política de São Caetano sofre para continuar com o território demarcado

Vinicius Gorczeski
do Diário do Grande ABC
07/04/2012 | 07:08
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A definição do cenário político da família Tortorello em São Caetano vai depender de vários senões e poréns. E, ao que tudo indica, vai se transmutar quase até às urnas.

Postulante a cadeira na Câmara, Jayme Tortorello (PT) - irmão do prefeito Luiz Tortorello, morto em 2004 - é o mais indeciso do tradicional clã da cidade. Apesar de manter amizade com a pré-candidata a prefeita indicada pelo Executivo, Regina Maura Zetone (PTB), é pelo vereador Edgar Nóbrega (PT) por quem ele deverá brigar na eleição majoritária. Até aí sem surpresas, já que Jayme sempre esteve ligado ao movimento petista e de confronto com a situação - o que inclui o governo de seu irmão.

Mas este quadro só será pintado completamente apenas se seu outro irmão, Antônio de Pádua Tortorello (PSC), que deixou o PTB alegando ter sido preterido na escolha eleitoral, continuar do jeito que está: sem pré-candidatura.

No entanto, Pádua briga para concorrer a prefeito pelo PSC. E se conseguir, Jayme vai "se desculpar com Edgar e com o PT" para apoiar a família. "Que vem em primeiro lugar", pondera o, por ora, pré-candidato a vereador.

Jayme, que concorreu e perdeu a disputa pela Prefeitura em 2008 para José Auricchio Júnior (PTB) "para que o prefeito não ganhasse por W.O.", fala, por outro lado, como vereador eleito. "Se a pessoa olhar para trás e ver que pode entrar em toda as portas que já atravessou um dia e for bem recebida, ela está realizada na vida. É meu caso."

Filho mais velho do prefeito morto há oito anos, Luizinho Tortorello - que migrou do PPS para o PTB quando Auricchio indicou que seu sucessor sairia de sua própria legenda, no ano passado, busca ser escolhido nas convenções partidárias como candidato da sigla.

Enfrentará, porém, o desejo do chefe do Paço e da cúpula situacionista, que já aderiu a Regina Maura, assessora especial de Ação Social. Se colocará, então, nas discussões para ser candidato a vice-prefeito.

Outro cogitado para inserir ramificação Tortorello nas eleições seria Marquinho (PPS), irmão de Luizinho e único do clã que já exerceu mandato eletivo - foi deputado estadual por oito anos. O ex-parlamentar, porém, não deverá ser candidato nem mesmo à Câmara, já que se diz focado na administração de suas empresas.

 

Projeto de Jayme pode alavancar Edgar

Com a desistência de Luizinho e Marquinho na corrida pelo Legislativo em outubro, Jayme deve abocanhar muitos dos tradicionais votos que a família recebe historicamente na cidade, o que por si só garantiria não apenas sua eleição, como também auxiliaria o cabeça da chapa majoritária petista na cidade, o vereador Edgar Nóbrega.

"Ele está muito bem nas ruas. E certamente fará uma boa campanha para nós", afirma Edgar, apostando que Jayme deve puxar votos para a legenda.

A decisão de Jayme não criou rusgas no meio sanguíneo. "Ele reuniu a família, anunciou que seria candidato pelo PT. Jayme sempre teve como plataforma política o Partido dos Trabalhadores, então isso não é de hoje. É respeitar a democracia", diz Luizinho, que crê na possibilidade de o tio seguir buscando espaço no município.

Mesmo com a derrocada em 2008 para Auricchio, Jayme considerou uma vitória seus 10.388 obtidos na época. Serviu para que seu nome ficasse gravado nas vias municipais, abrindo espaço para sua corrida neste ano.

 

Pádua se movimenta para lançar candidatura ao Paço

Após romper com o PTB por se sentir preterido na disputa eleitoral deste ano, Antônio de Pádua Tortorello, nome cativo no Palácio da Cerâmica nos três governos de seu irmão, Luiz, se movimenta para colocar seu nome em discussão na convenção que definirá os rumos do PSC na eleição, em junho. O desejo é o de se candidatar a prefeito.

"Tenho 150 companheiros, tanto na legenda quanto parceiros que me acompanham. Minha chapa está completa. Vou para a convenção", sustenta.

Fator Tortorello - Antes de chegar nas urnas, Pádua tentará demover Jayme a não abandonar sua pré-candidatura a vereador. A tarefa será difícil de ser cumprida, dada a propensão de Jayme em apoiar os laços sanguíneos.

E os vínculos familiares aparecem para assombrar qualquer pretensão política de Pádua. Porque, neste caso, ele não criará conflitos no PSC e tampouco disputará cargos públicos caso Luizinho, seu sobrinho, vença as convenções do PTB - o que ele considera fácil, mas que, na prática, dificilmente irá ocorrer - e saia candidato ao Palácio da Cerâmica.

Em meio ao cenário de condições e probabilidades, a maioria delas escassa, a família Tortorello terá ainda de se ajeitar sobre os rumos que tomará para as eleições de outubro.




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