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Consequências para 2012
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
10/10/2010 | 07:10
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Encerradas as eleições proporcionais de 2010, as atenções estão voltadas para o segundo turno presidencial. Mas os resultados expressos na primeira etapa do pleito já dão início à movimentação dos atores que protagonizarão as disputas municipais de 2012. O futuro dos políticos do Grande ABC passa pela disputa federal deste ano.

Historicamente, uma eleição é reflexo da outra. O resultado da eleição presidencial de 2006 foi o espelho do que ocorreu em 2008 nos pleitos municipais. Na corrida pelo Palácio do Planalto há quatro anos, o PT venceu nas cidades de São Bernardo, Diadema e Mauá. Perdeu em Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires.

Foi exatamente esse o quadro das urnas na eleição municipal passada. A exceção foi Rio Grande da Serra, onde a chapa petista obteve resultado positivo em 2006, mas a candidatura a prefeito foi derrotada dois anos mais tarde.

Mesmo sem a definição sobre o novo presidente do Brasil, é possível analisar as consequências do primeiro turno de 2010 na eleição de 2012. Apenas São Bernardo depende mais do nome que comandará a Nação a partir do ano que vem: se Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).

Isso porque o prefeito Luiz Marinho (PT) tem relação estreita com o governo federal. Liga diretamente para ministros. Sem contar o fato de ser afilhado político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem se empenhado com dedicação especial aos projetos da cidade onde mora.

Desde janeiro do ano passado, quando assumiu o Paço, Marinho recebeu cerca de R$ 500 milhões da União. E pede mais. Uma boa gestão é a garantia de reeleição em 2012 - o chefe do Executivo fala abertamente em ser candidato novamente.

Mas o derramamento de recursos de Brasília pode não ser tão acentuado caso a presidência da República fique nas mãos do PSDB. Com o PT no comando do barco nacional, os caminhos para Marinho são facilitados, viram atalhos para garantir verbas. Com os tucanos, que tiveram bom rendimento local e, assim, mantêm oposição viva e atuante, abre brecha para candidaturas adversárias mais fortes em 2012.

Essa situação tênue para a administração Marinho leva o prefeito a sacrifícios para ajudar Dilma a chegar ao Planalto. Como o próprio petista costuma dizer, são três turnos (manhã e tarde na Prefeitura e à noite em campanha), alimentação desregrada, cansaço e muito trabalho político. Ao menos no primeiro turno, em âmbito municipal, deu certo: Dilma venceu Serra na corrida pela Presidência e Aloizio Mercadante (PT) bateu Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo de São Paulo.

Essa aplicação de Marinho também se deve aos resultados das eleições proporcionais em São Bernardo. Para deputado federal, o candidato do governo Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), foi o mais votado: 56.732 votos, seguido de perto pelo ex-prefeito e adversário da gestão petista William Dib (PSDB), que angariou 50.608 sufrágios. A decepção ficou no desempenho do vice-prefeito Frank Aguiar (PTB), o qual totalizou apenas 10.113 votos. Assim, o cantor, que ingressou na chapa petista em 2008 para popularizar a campanha de Marinho rumo ao Paço, perde força. Nos bastidores do Executivo são ventilados os nomes de Luiz Fernando, presidente do São Bernardo FC, e Arthur Chioro, secretário de Saúde, como possíveis vice da candidatura à reeleição, em 2012.

Na disputa para deputado estadual, Alex Manente (PPS - reeleito) foi o mais votado na cidade com 68.127 apoios. É aliado de Marinho, mas comenta-se que a relação já não é a mesma do início do mandato do petista. Orlando Morando (PSDB) foi o segundo mais votado: 63.080 adesões.

A união de forças entre Dib, Alex e Morando no pleito municipal é improvável (apesar de já ter ocorrido no passado). Mas como a política é dinâmica - como dizem os próprios políticos -, tudo pode acontecer. Esse quadro, aliado à derrota de Dilma, seria o pior dos mundos para o prefeito Luiz Marinho.


Caminho livre para reeleição de Reali em Diadema

A apuração dos votos da primeira fase das eleições 2010 mostrou que o prefeito Mário Reali (PT) tem caminho livre para a reeleição em 2012. Não tanto como em São Bernardo, a administração diademense também recebeu apoio do governo federal, mas mostrou certa independência para execução de projetos - apesar de em algumas áreas patinar.

São duas as situações que deixam o chefe do Executivo em situação confortável daqui a dois anos: seu parceiro e candidato a deputado federal José de Filippi Júnior (PT) atingiu o objetivo de chegar à Câmara com boa performance e o principal nome da oposição degringolou: o deputado estadual José Augusto (PSDB) não conseguiu a reeleição.

O ex-prefeito Filippi foi o mais votado na cidade na disputa por uma cadeira no parlamento federal, em Brasília. Obteve 82.641 votos de eleitores de Diadema, o que representa 35,95% dos votos válidos. A diferença para o segundo colocado, inclusive, foi gritante: o palhaço Tiririca (PR) ficou com 19.191 sufrágios, ou 8,35%.

Filippi será aliado de primeira hora da gestão Reali, brigando por verbas com o cacife de quem foi o tesoureiro da campanha presidencial petista nas duas últimas eleições.

QUEDA TUCANA
Notícia mais do que interessante para o chefe do Executivo foi a derrocada de José Augusto. Em 2004, na disputa pelo Paço, o tucano protagonizou com Filippi uma das mais acirradas disputadas do País. Após vencer o primeiro turno, José Augusto atingiu 110.779 sufrágios (49,87%), mas perdeu o pleito por diferença de 544 votos para o petista.

Em 2006, foi eleito deputado estadual com 53.466 apoios de eleitores da cidade. Em 2008, nova candidatura a prefeito, mas desta vez com derrota já no primeiro turno. Na eleição deste ano, obteve 31.817 adesões em Diadema (13,7% dos votos válidos), insuficientes para ser reeleito à Assembleia.

Espaço para novas lideranças oposicionistas, mas neste momento sem grande expressão. Uma força que poderia ameaçar o governo Reali é a vereadora Regina Gonçalves (PV), por enquanto eleita deputada estadual - depende do resultado dos julgamentos de candidaturas ainda impugnadas na Justiça Eleitoral. Entretanto, a verde é aliada e não deve pular o muro para a oposição. (Beto Silva)




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