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Indústria de motos cobra incentivo do governo

Em 37 anos o setor de duas rodas já colocou no País...

Cristina Baddini
17/08/2012 | 00:00
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Em 37 anos o setor de duas rodas já colocou no País mais de 17 milhões de motocicletas, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). O Brasil tem uma motocicleta para cada 11 habitantes. Em 2000, essa relação era de uma moto para cada 43 habitantes. Só para comparar, a Itália tem uma motocicleta para cada 6,4 habitantes, e na Espanha, há uma moto para cada 9,4 habitantes. Em 11 anos, o número de habitante por moto no País cresceu mais de 290% na busca de maior mobilidade urbana. Mas, neste ano, a indústria brasileira de motocicletas recorreu ao governo federal e aos bancos para tentar reverter um cenário que já mostra uma baixa de 15,8% na produção e de 17,6% nas vendas às concessionárias, de janeiro a julho, ante igual período de 2011. 

Sem muito alarde, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) entregou ao governo um pedido para a criação de medidas específicas ao setor, como já ocorreu com o setor de veículos.

PROBLEMA
À medida que as vendas de motocicletas avançam, as mortes com motociclistas aumentam, sendo que em algumas localidades os índices gerais de acidentes diminuem. No entanto, a severidade e o percentual desses condutores que morrem vítimas de acidentes com motos só aumentam.

O gasto com internações pagas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com motociclistas acidentados subiu 113% em quatro anos e o custo de internações por acidentes com motociclistas passou de R$ 45 milhões para R$ 96 milhões, segundo levantamento do Ministério da Saúde. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das internações, que passaram de 39.480 para 77.113 hospitalizados no período.

A morte nas viagens de motocicletas já virou uma epidemia, com o forte aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas. O número de mortes por este tipo de acidente aumentou 21% nos últimos anos - de 8.898 motociclistas em 2008 para 10.825 óbitos em 2010. Com isso, a taxa de mortalidade cresceu de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes para 5,7 mortes por 100 mil entre 2008 e 2010. Os homens jovens são as principais vítimas.

FINANCIAMENTOS
Como 80% das vendas de motos são financiadas e, diante de cenário no qual apenas 20% dos pedidos são aprovados pelas instituições financeiras, a Abraciclo realizou ainda reuniões com grandes bancos para buscar uma maneira de flexibilizar o crédito para o setor. Os bancos explicaram que existe uma medida restritiva e mais criteriosa para o financiamento no setor. Os bancos informaram que as concessionárias sequer enviassem propostas de financiamentos em 48 meses sem entrada, pois elas seriam rejeitadas. Sugeriram colocar pedidos com financiamentos de até 36 meses, com entrada de 20%.

Outra ação adotada pelas montadoras e distribuidoras foi melhorar o preenchimento dos pedidos de uma simples ficha cadastral para o financiamento. Quarenta e nove porcento dos consumidores de motos são das classes D e E, que têm a renda já comprometida com outros compromissos financeiros, mas ao mesmo tempo necessitam financiamento.

É PRECISO PENSAR O QUE FAZER
É fundamental que haja algum nível de gestão pública priorizando a modalidade de maior capacidade de transporte de pessoas, reduzindo o consumo de combustíveis, proporcionando melhor qualidade ambiental, reduzindo os acidentes e mortes no trânsito, tudo isso com a priorização para o transporte coletivo. Bons sistemas de transporte público são essenciais para reduzir a dependência da motocicleta. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem afirmando que novas medidas de estímulo a investimentos na indústria automotiva serão anunciadas pelo governo federal. Será um grande absurdo. Essas medidas federais contribuirão para que as nossas cidades fiquem cada vez mais entulhadas de motocicletas. Esperamos outro modelo de cidade, que satisfaça a sociedade como um todo, colocando o transporte público à frente do individual. Queremos do governo federal políticas públicas eficazes e coerentes com uma sociedade equânime e sustentável. 




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