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Usuários cobram diretoria do Hospital Mário Covas

Moradores pedem agilidade para efetivação
do projeto; superintendente da unidade se cala

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
22/07/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Projeto que se arrasta há pelo menos três anos nas mãos de prefeitos do Grande ABC e representantes do governo estadual, a descentralização da Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas, em Santo André, ganhou nesta semana um novo capítulo. Insatisfeitos com a demora na efetivação da medida que, na prática, visa desafogar o atendimento do equipamento, usuários pedem ações imediatas da administração da unidade hospitalar para que a distribuição do medicamento seja dividida entre municípios.

Descontentes com a superlotação diária da farmácia, além das dificuldades de locomoção enfrentadas por pessoas que residem fora de Santo André e precisam se deslocar em trajetos de até três horas, usuários declaram que o atraso é “uma falta de vontade do hospital e de políticos em geral”.

“A diretoria do hospital que está aqui todos os dias sabe a realidade que enfrentamos. Mas ninguém faz nada para mudar isso. Tem idosos que ficam horas aí para tirar um medicamento, mesmo em estado de saúde delicado. Se esses remédios não fossem de extrema importância para nós, com certeza ninguém iria se submeter a uma situação dessa”, declara José Daniel de Melo, 47 anos.

Moradora de Mauá, a agente comunitária de Saúde Rosana de Souza, 48, utiliza o serviço há cinco anos. Durante todo esse período, ela se reveza mensalmente com o irmão para retirar medicamento para a mãe. “Hoje (ontem) mesmo tive de perder metade do dia do meu trabalho para vir aqui.”

Sem veículo próprio, Rosana se vê obrigada a utilizar transporte público para realizar a retirada no medicamento. “Cada vez que venho aqui são três conduções para chegar e outras três para voltar. São R$ 24,80 toda vez. Se a descentralização tivesse saído, como prometeram para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Mauá, não teria esse gasto”, revela.

Superintendente do Hospital Estadual Mário Covas, o médico Desiré Carlos Callegari acompanha desde 2012 de perto a situação enfrentada por usuários do equipamento. Em maio de 2015, o Diário chegou a convidá-lo a acompanhar o atendimento da farmácia. O mesmo aceitou, porém, após duas horas de espera, acabou indo para reunião sem presenciar a situação dos pacientes.

Passados dois anos do episódio, mais uma vez, a equipe de reportagem tentou contato com Callegari. Apesar das solicitações de entrevistas feitas à assessoria de imprensa, o pedido não foi aceito.

Para agravar a situação, o superintendente – reconduzido ao cargo no fim do ano passado, sem alarde ou publicidade sobre o processo de reeleição – neste ano sequer se pronunciou oficialmente sobre as negociações sobre a descentralização.

“É um descaso com todos nós vir aqui todo mês e a situação não mudar nunca”, desabafa José Carlos Pereira Silva, 59.

Embora o Estado afirme analisar a proposta para divisão de custos do projeto com municípios, nada se sabe sobre prazos para que o estudo seja concluído. As cidades, com orçamento limitado, pouco podem fazer pela medida e declaram aguardar aval do governo estadual.

 

Superlotação no atendimento e ausência de remédios persistem

 

Problemas relatados com frequência pelo Diário, a superlotação da Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas e a ausência de medicamentos na unidade ainda persistem, segundo usuários do serviço.

A aposentada Aurora Mateine, 73 anos, que ontem foi retirar medicamentos na unidade acabou surpreendida ao saber que um dos seus remédios, o Tiotrópio 2,5 mcg, indicado para o tratamento de manutenção de pacientes com doença pulmonar, não estava disponível. “Eles deram um telefone para ficar ligando e ver quando chega”, relata.

A superlotação do atendimento, que permanece causando espera de até quatro horas, também segue como outro problema. “Isso daqui nos primeiros dias do mês é um caos”, desabafa a auxiliar de coleta Danielle Cardoso, 27.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o medicamento Tiotrópio 2,5 mcg, “está em fase de aquisição e será solicitada celeridade na entrega”.

Já em relação ao tempo em que as pessoas aguardam pelo remédio, a Pasta destacou que “tem trabalhado para otimizar o atendimento”.




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