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De Embu das Artes a S.Bernardo: devoção a N.Senhora Aparecida
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
07/03/2005 | 13:40
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Como tradicionalmente ocorre há 43 anos no primeiro domingo de março, cerca de 45 integrantes da Romaria Cavaleiros da Fé, de Embu das Artes, e a banda musical do município participaram domingo da missa das 7h30 da paróquia de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Paulicéia, em São Bernardo. Os romeiros começaram a peregrinação à meia-noite de sábado e percorreram 40 km entre a estância turística e a paróquia. A comitiva contou também com a participação de cavaleiros da região de Santo Amaro, na capital, que seguiram para Aparecida, após a cerimônia religiosa.

Essa história de devoção começou com Jácomo Serafim, falecido, e seus amigos para pagar uma promessa. “Como naquela época a missa na Vila Paulicéia era transmitida pela rádio Record, ele decidiu conhecer a igrejinha de Nossa Senhora (inaugurada em 1946), que ficava mais perto de Embu do que a de Aparecida”, conta o líder da romaria, o motorista autônomo Laerte Mendes, 56 anos.

O padre do santuário na Vila Paulicéia, José Antônio Roldan, afirma que há 33 anos acompanha essas manifestações de fé dos romeiros de Embu das Artes e se sente orgulhoso pela iniciativa. “Eles são responsáveis pela divulgação da igreja, que se transformou em um local de peregrinações. Ainda este mês, teremos a visita de devotos da paróquia da Vila Califórnia, na capital, vindos de bicicleta, entre outras”, conta o padre.

Depois das primeiras romarias dos cavaleiros da fé de Embu das Artes, mais devotos da santa foram se somando à comitiva, que começaram a freqüentar a igreja nova construída no mesmo endereço na Vila Paulicéia ao lado da capelinha. A devoção foi transmitida de pai para filho, a exemplo do veterano José Silvestre, 68, mais conhecido por Zé do Cafundó. “Meus dois filhos participam comigo da cavalgada. Outro companheiro inseparável é meu cavalo Beduíno, que já tem 17 anos”, diz. Ao grupo, somam-se outros parentes da família, Rubens Accica, 59, e Lucas Augusto Luz Dias, 16.

Accica, que integra a Associação Santamarense dos Romeiros de Bom Jesus de Pirapora, confessa que suas visitas à paróquia são bem mais antigas que a própria romaria. “Dez anos antes já passava por aqui com outros cavaleiros atraído pelo programa de rádio do comendador Siqueira sobre a missa”, conta Accica. O jovem Lucas Dias, por sua vez, apesar de ser calouro, com três anos de experiência na Romaria Cavaleiros da Fé, afirma que pretende tornar-se veterano. “Tenho fé em Nossa Senhora. Acredito que recebi uma graça por me curar de problemas de audição e no pulmão.”

O comerciante de Embu das Artes Manoel Batista Medina, 78 anos, garante que todos os sacrifícios impostos pela romaria valem a pena por causa da recepção calorosa na paróquia da Vila Paulicéia. “A romaria ganhou força quando recebemos, há mais de 30 anos, a visita dos padres de São Bernardo em nossa paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Embu. Esse contato fez estreitar mais ainda a relação entre as duas igrejas”, afirma.

– Nem um derrame no ano passado foi capaz de afastar o simpático boiadeiro e muleiro José Gonçalves, 80 anos, o Zé Pretinho, do bairro de Santo Amaro, da romaria deste ano. “Acho importante estar aqui, porque sou um romeiro antigo e posso influenciar os mais jovens a participar. A cada ano, um companheiro antigo morre e deixa saudade”, conta ele, que até três anos atrás ainda integrava a comitiva no lombo de sua mula Madona, 13 anos. Hoje, ele participa motorizado, acompanhado por seus filhos e seu inseparável berrante, instrumento que, como gosta de ressaltar, já ultrapassou as fronteiras do Brasil e chegou aos Estados Unidos.



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