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Piscinões da região não amenizaram a chuva de terça
Do Diário do Grande ABC
12/01/2005 | 13:39
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Nem mesmo os 13 piscinões espalhados pelo Grande ABC foram capazes de evitar que parte da região ficasse submersa na tarde de terça-feira, após forte temporal. Os reservatórios, que juntos têm capacidade para armazenar mais de 2,2 milhões de m³ de água, ficaram cheios. Pelo menos três não suportaram o volume de água e transbordaram. Foi o caso dos piscinões Capuava e do Paço Municipal, em Mauá; e o Grã-Bretanha, junto à Faculdade de Medicina ABC, em Santo André.

Segundo Ricardo Borsari, superintendente do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do governo do Estado responsável pela construção dos piscinões, o transbordo ocorreu em razão do grande volume de chuvas. O maior índice foi registrado em São Bernardo: 135 mm. “Para agravar ainda mais a situação, as chuvas foram repicadas. Durante a madrugada tivemos um volume razoável. Depois, à tarde, voltou a chover por duas vezes.”

Segundo Borsari, não houve tempo hábil nos intervalos entre um período e outro de chuva para que os reservatórios fossem esvaziados. “Uma operação desse tipo pode durar entre dez e 12 horas”, afirma o superintendente do Daee. Soma-se a essa situação a falta de manutenção dos piscinões, denunciada pelo Diário no fim do ano passado. A maioria dos reservatórios está tomado pela lama e entulho. Em meio a esse cenário, o mato cresce desordenadamente e chega a 1,5 m.

O descuido, segundo especialistas, chega a comprometer até 30% da capacidade de alguns piscinões. Na terça-feira, logo depois de a água baixar, a Prefeitura de Mauá emitiu nota oficial na qual garante que até 40% da capacidade de contenção do reservatório de Capuava, o maior do Estado com 800 mil m³, está comprometida em razão do acúmulo de lixo. Diante do problema, desde o último dia 3 a administração estaria fazendo a limpeza dos piscinões, o que não foi suficiente. Na terça-feira, em frente ao Paço Municipal, as pessoas se utilizavam de barcos para ajudar aqueles que estavam ilhados.

“A falta de limpeza é agravante, mas ela não explica o fenômeno das enchentes de hoje (terça-feira). O problema é que o volume de chuva foi tão grande que os piscinões não suportaram a carga de água. Prova de que os piscinões não são garantia do fim das enchentes”, diz o urbanista Gilson Lameira, autor de uma tese sobre as enchentes no Grande ABC.

Juntos, os 13 piscinões em operação na região e os outros dois em construção, em São Bernardo e em São Caetano, têm capacidade para armazenar apenas 40% das águas da chuva no Grande ABC. Dentro do plano de macro-drenagem do governo do Estado, está prevista a construção de outros 22 piscinões nas sete cidades. O plano inicial, articulado em 1997, previa a construção de 52 reservatórios na região, mas problemas burocráticos com a liberação de terrenos, obrigaram o Daee a mudar os planos.

No início da noite de terça-feira, o superintendente do Daee, Ricardo Borsari, num balanço geral sobre o temporal que castigou o Grande ABC, classificou como boa a atuação dos piscinões na região. “Eles amenizaram de forma significativa o impacto das chuvas”, afirmou. Prova disso, segundo o executivo, foi o armazenamento dos 2,2 milhões de m³ nos 13 reservatórios, que seriam distribuídos nas ruas das cidades atingidas, aumentando ainda mais os estragos.

Outros – O reservatório da Vila América, construído pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental), também transbordou com a chuva de terça. Além de as águas tomarem a avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, várias casas da Vila América foram invadidas pela enchente.



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