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Derrotados, petistas voltam a atuar em atividades privadas

Após derrocada do PT na região em 2016, prefeituráveis da sigla retornam às profissões

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
16/01/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Depois da derrocada histórica do PT no Estado nas eleições de outubro – incluindo o Grande ABC, onde nenhuma vitória foi registrada –, prefeituráveis do partido em 2016 se viram sem espaço e voltaram a atuar em suas profissões de origem. Atividades que alguns, inclusive, já não exerciam há décadas.

Em Santo André, o futuro do ex-prefeito Carlos Grana, derrotado por Paulo Serra (PSDB), é incerto. Ventila-se, porém, que o petista, ferramenteiro de formação, não descarta voltar ao movimento sindical. Politicamente, Grana é um dos nomes que despontam na disputa do PED (Processo de Eleição Direta), que ocorre em março.

Nome do PT em São Bernardo, Tarcisio Secoli é cotado para comandar a TVT (TV dos Trabalhadores), emissora integrante do grupo de comunicação criado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Tarcisio terminou em terceiro lugar na corrida eleitoral na cidade onde mora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já seu padrinho político, o ex-prefeito Luiz Marinho (PT), braço direito do ex-presidente, se movimenta para assumir o comando do partido no Estado e é um dos nomes da sigla para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em 2018.

Prefeiturável do PT de São Caetano, Márcio Della Bella – sétimo colocado na disputa – decidiu voltar a trabalhar no ramo de transporte particular. Ele é proprietário de uma empresa que promove viagens. “Ainda é muito cedo. Passou pouco tempo depois da eleição. Pessoalmente, ainda estou procurando alguns espaços”, frisou Della Bella. Antes de ser candidato e até depois do pleito, o petista tinha cargo no governo Marinho.

Vereador por cinco mandatos em Diadema e terceiro colocado na disputa pelo Paço, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, também teve fraco desempenho na cidade onde o PT fez seu primeiro prefeito da história (Gilson Menezes), em 1982, e elegeu gestores durante três décadas. Bacharel em Direito e mecânico de manutenção, Maninho não descarta voltar ao chão de fábrica. “Vou tentar tirar a carteirinha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mas o que pintar eu vou fazer. Posso trabalhar de pedreiro, de encanador. Vou sobreviver trabalhando. Não tenho problemas ou vaidades.”

Derrotado por Atila Jacomussi (PSB) em Mauá, Donisete Braga (PT) despista sobre seu futuro. Dentre as especulações que o envolvem está a ida para o PTB e candidatura a deputado estadual. Interlocutores do ex-prefeito disseram que, por enquanto, ele tem optado por ficar ao lado da família e pouco fala sobre o futuro político. Donisete não foi encontrado para comentar o caso.

Outro que voltou à atuação de origem foi o ex-vereador de Ribeirão Pires Renato Foresto (PT), quarto colocado na briga pela Prefeitura. “Estou ajudando minha mulher num comércio que ela tem no Centro de Ribeirão. É um comércio de móveis usados, mas ainda penso em abrir um escritório de assessoria, ainda nada muito certo. Estou com uma vida tranquila. Vou continuar militando, sem me corromper. Posso até ser presidente do PT (de Ribeirão).”

Xodó de Lula no pleito de 2012, Claudinho da Geladeira, hoje coordenador regional da legenda, perdeu pela segunda vez a disputa pela Prefeitura de Rio Grande da Serra. Ele também recebeu convites para deixar o petismo. “A luta continua. Seguimos vida normal, trabalhando. Eu tenho empresa de eventos. Estou vendo como vai ficar o mercado e quero fortalecer o negócio de aluguel de carro de som e projetos de refrigeração”, relatou o petista, que disse não ver problemas em voltar ao ofício que lhe rendeu a alcunha política: consertar geladeiras.

O impeachment de Dilma Rousseff (PT), ainda antes da eleição, deixou o campo ainda mais restrito aos quadros do partido. Outra derrota afetou esse cenário: a do ex-prefeito da Capital Fernando Haddad (PT), superado já no primeiro turno por João Doria (PSDB), por 53,29% dos votos.

Diferentemente de eleições anteriores, quando candidatos derrotados do partido eram alocados como quadros de gestões em outras cidades ou até mesmo em Brasília, o desgaste com os desdobramentos da Operação Lava Jato e a crise política somados ao saldo eleitoral do partido no ano passado deixaram poucas possibilidades para o petismo. Além de assistir à vitória do PSDB em quatro das sete cidades na região, tida como ‘cinturão vermelho’, o partido também reduziu drasticamente o número de prefeituras que administrava – de 638 vitórias em 2012 para 256 no ano passado.

Além disso, também perdeu em quase todas as capitais do País – ganhou apenas em Rio Branco (Acre). No Estado, a principal vitória da sigla foi com Edinho Silva, ex-ministro de Dilma, eleito prefeito de Araraquara, no Interior, pela terceira vez.

(Colaboraram Raphael Rocha e Fábio Martins)




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