Os cardeais que se preparam para designar o sucessor de João Paulo II participaram na manhã deste sábado da 12ª e última reunião geral antes do conclave, que começa na segunda-feira

Nas 12 reuniões ocorridas desde a morte do pontífice, no dia 2 de abril, os cardeais examinaram a situação da Igreja e do mundo, mas não mencionaram os possíveis sucessores ao comando da Igreja católica. "Confirmo que nenhum nome foi mencionado em nenhuma destas reuniões", declarou o porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls, em entrevista coletiva neste sábado.

Apesar do segredo absoluto observado pelos cardeais sobre suas deliberações antes e durante o conclave, crescem as especulações sobre a identidade do futuro papa. De acordo com a imprensa italiana, o homem que surgiu nos últimos dias como o grande favorito para a sucessão, o alemão Joseph Ratzinger, parece estar perdendo força em benefício do italiano Dionigi Tettamanzi, arcebispo da diocese de Milão, a maior da Europa.

Outros influentes cardeais italianos também aparecem como favoritos: o ex-número dois do Vaticano Angelo Sodano; o vigário de Roma, Camilo Ruini; e o arcebispo de Veneza, Angelo Scola.

Já entre os nomes alternativos mais cotados aparecem vários latino-americanos: o colombiano Darío Castrillón Hoyos; o hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga; e o brasileiro Claudio Hummes, arcebispo de São Paulo, que teria pronunciado na sexta-feira um "apaixonado discurso" sobre a pobreza no continente.

No domingo, os 115 cardeais eleitores de 52 países que a partir de segunda-feira se reunirão para o conclave se deslocarão para a Casa Santa Marta, o hotel no Vaticano onde ficarão alojados durante as votações.

Da Casa Santa Marta, os cardeais irão duas vezes por dia à Capela Sistina para votar duas vezes pela manhã e outras duas pela tarde.

Não é certo que os cardeais comecem a votar já na segunda-feira. Dependerá dos eventos previstos durante o dia, que começará com uma missa. Até o tradicional "Extra Omnes", que expulsa do conclave as pessoas não autorizadas, tudo será transmitido ao vivo pela televisão.

Antes de dar início às votações, os prelados prestarão um juramento de silêncio. Os agentes do Vaticano terão neste momento inspecionado meticulosamente todos os espaços do recinto para garantir que não há microfones escondidos ou qualquer outro sistema que permita comunicar com o exterior.

A duração do conclave também é objeto de um intenso debate entre os especialistas, mas a maioria concorda em que não será rápido demais, para não dar a impressão de que tudo já estava planejado, nem demorado demais, para que não pareça que existem divisões.

Quando um candidato obtiver os dois terços dos votos necessários para ser eleito, se passarão ainda de 40 a 45 minutos antes da tradicional fumaça branca e dos sinos que anunciarão simultaneamente ao mundo que o novo papa foi designado. Este aparecerá então no balcão central da Basílica de São Pedro.