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Marílson vira modelo para nova geração
Por Marta Teixeira
Do Diário do Grande ABC
12/10/2009 | 07:49
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A pista de atletismo do CER São José, em São Caetano, é o ponto de encontro de nova geração de fundistas. Desde os 19 anos, Reginaldo de Oliveira Campos Jr. treina ali, motivado por presença inspiradora: Marílson Gomes dos Santos. Recordista sul-americano nos 5.000 m, 10 mil m e em meia maratona, o fundista - que ontem conquistou a 17ª colocação no Mundial de Meia Maratona, sua última competição antes da defesa do título na Maratona de Nova York, dia 1º de novembro -, é ídolo e exemplo para Reginaldo.

Além do físico, a história de vida da dupla tem muitas semelhanças. Assim como Marílson, Reginaldo nasceu em família simples na capital federal. O primeiro, em Ceilândia e o segundo, em Taguatinga, ambos vieram para São Paulo apostando no atletismo para nova vida e treinam com Adauto Domingues.

As primeiras passadas de Marílson foram ainda no Distrito Federal, por influência do irmão e apesar dos bons resultados, o garoto não se encantou imediatamente e um ano depois desistiu. "Enjoei, deixei de gostar mesmo. Fui fazer outras coisas, jogava futebol, fiz karatê. Parei com 13 e voltei com 14 anos", lembra. O orgulho ferido o fez voltar. "No grupo que treinava em Brasília, os meninos continuaram e receberam convite para vir para São Paulo. Meu técnico falou: ‘Era para você estar indo'. Senti remorso: pôxa, perdi a oportunidade. Como sempre fui de família humilde a gente via a oportunidade de estudar. Na época, não tinha condições de pagar faculdade e a gente sabia que aqui tinha bolsa. Voltei a treinar e com um ano, ele me mandou para cá. O plano era fazer o curso, parar de correr e trabalhar. Mas as coisas foram dando tão certo, que me formei e até hoje não peguei o diploma (de Educação Física)."

Em São Paulo, a carreira deslanchou e o fundista virou modelo para Reginaldo. "Eu me espelhei na pessoa certa. Além de excelente atleta, é um grande ser humano", diz o Reginaldo, que descobriu o ídolo na São Silvestre de 2002. "Quando o narrador disse que ele era de Ceilândia comecei a pensar: ele é daqui, é magrinho e eu também..."

Sempre disposto a ajudar na orientação de Reginaldo, Marílson não tem planos de tornar-se técnico tão cedo. "Enquanto estiver correndo na frente vou competir. Quando sentir dificuldade de lutar de igual para igual deixo de correr profissionalmente e vou correr para manter a saúde."

Por essas e outras, para o técnico Adauto, a escolha do ídolo não poderia ter sido melhor. "Eles têm estilo muito próximo e é bom ele se inspirar no Marílson porque tem espelho que não serve muito."

Uma relação de tanta adoração não passaria sem as bem-humoradas brincadeiras dos companheiros e nem a foto que ilustra esta matéria escapou. "Depois manda para ele (Reginaldo) enquadrar e colocar na parede", provocam.

 




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