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CBF busca novo modelo de governança e luta para manter patrocínios após escândalo
05/06/2016 | 07:00
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Um ano depois da operação conjunta entre a polícia da Suíça e o FBI, que levou à prisão alguns dos principais dirigentes do futebol mundial, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, e colocou suspeitas sobre o atual mandatário da entidade, Marco Polo Del Nero, a Confederação Brasileira de Futebol se empenha para manter seus patrocínios. Para isso, procura um novo modelo de governança e acena para o mercado com maior transparência. Os parceiros mostram cautela e aguardam o pronunciamento final da Justiça, que pode influenciar a continuidade dos contratos.

"Apoiamos as investigações em prol da transparência e da ética na gestão do esporte. É fundamental que a CBF adote modelo de governança que demonstre o seu compromisso com esses alicerces, conforme já sinalizamos à Confederação em oportunidades anteriores", diz nota do Banco Itaú.

Já a Seguros Unimed aguarda a "completa apuração dos fatos e o pronunciamento final da Justiça". A Vivo "repudia qualquer comportamento ilícito e/ou que não esteja adequado aos princípios de atuação da empresa". O Grupo Cimed, patrocinador que fechou contrato em maio, afirma que os escândalos no futebol não são exclusividade da América do Sul. "Todos esses fatos devem ser apurados, pessoas que cometeram irregularidades devem ser responsabilizadas. Temos uma relação comercial com a CBF e não com dirigentes", afirma Hélio Melo, diretor de marketing.

Após período licenciado, Del Nero retomou suas funções na presidência da CBF, mas não está na Copa América. Ele é investigado pelo FBI sob suspeita de receber propinas. Os ex-presidentes Ricardo Teixeira e Marin também são acusados. Os três conseguiram uma decisão da Justiça no Rio que tornou ilegal o envio de dados para a Justiça norte-americana. Em seguida, a Procuradoria Geral da República deu parecer favorável ao restabelecimento da troca de informações. Enquanto a decisão não for julgada, a cooperação está parada.

Nesse contexto, o início de 2016 foi um momento crítico, e a entidade perdeu apoios significativos. A Volkswagen já havia abandonado o barco. Saíram a Michelin, P&G, que gerava cerca de R$ 5 milhões/ano, e a Sadia, que renderia R$ 100 milhões entre 2013 e 2022. A CBF conseguiu equilibrar a balança com ampliação da parceria com a Chevrolet e da Cimed.

No ano passado, as receitas com patrocínio caíram pela primeira vez desde 2006. O declínio, no entanto, não foi estrondoso. Passou de R$ 359.604 milhões em 2014 para R$ 339.604 milhões. O número de patrocinadores também mudou. A CBF já teve 16, entre eles, gigantes como Procter & Gamble (marca Gillette), Nestlé e Volkswagen. Hoje possui 11, além de três parceiros que realizam negócios menores.

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tentou conversar com o diretor de marketing da CBF, Gilberto Ratto, sobre a estratégia para a área. Na sexta-feira, ele marcou entrevista, mas cancelou momentos antes do horário marcado, por compromissos com patrocinadores.

TRANSPARÊNCIA - Entre as medidas para melhorar sua governança, a CBF criou o Comitê de Reformas, grupo com representantes de vários setores do futebol para aperfeiçoar as práticas corporativas. E vem reforçando o programa CBF Social.

"Não é possível conquistar a confiança do mercado com algumas ações. As empresas olham também o histórico de trabalho, e isso pesa bastante", opina Pedro Daniel, gerente de Esportes da consultoria BDO.

Apesar de propor a transparência, a CBF deu um passo atrás nos últimos anos. Nos tempos de Ricardo Teixeira, o valor de cada patrocínio era discriminado no balanço financeiro. Agora, a entidade publica apenas o valor global.

"Os números estão mais abertos. Por outro lado, a entidade consolida vários números como custos diretos do futebol, muitos bastante questionáveis", diz opina Amir Somoggi, consultor em gestão esportiva.




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