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Um terço dos professores não tem formação adequada

Áreas mais problemáticas estão relacionadas às ciências exatas, como Física e Química, além de Artes e Língua Estrangeira

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
23/05/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Um terço dos professores do Ensino Médio do Grande ABC não tem formação adequada para a área em que atuam. Significa dizer que docentes formados, por exemplo, em Matemática, também ministram aulas de Química ou Física, por exemplo. Conforme pesquisa realizada pelo Movimento Todos pela Educação com base nas informações do Censo educacional de 2014, 33,76% dos docentes – 30.522 – não estão de acordo com o PNE (Plano Nacional da Educação), que prevê que todos os educadores possuam licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica na disciplina lecionada.

Embora os números da região estejam abaixo do indicado pelas metas 15 e 16 do PNE, os índices superam os observados no Estado, onde 35,% dos professores não têm licenciatura na área em que atuam, e no País, que têm taxa de 40,8% (veja tabela ao lado). O PNE (Lei 13.005/2014) propõe diretrizes, metas e estratégias para a política educacional até 2024.

O cenário das sete cidades mostra que as áreas mais problemáticas estão relacionadas às ciências exatas, neste caso Física e Química, além das disciplinas de Artes e Língua Estrangeira. “Neste caso temos uma impossibilidade prática, não apenas uma negligência do Estado. De fato não temos professores suficientes nestas licenciaturas”, observa a coordenadora-geral do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco. O problema, ressalta, está relacionado à falta de atratividade da carreira. “Embora seja uma profissão estratégica para o desenvolvimento do País, não é valorizada, tanto do ponto de vista salarial, quanto de infraestrutura.”

Na prática, ainda que a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) – 9.394/96 – permita que o docente se forme em determinada licenciatura, mas seja habilitado para trabalhar em disciplinas relacionadas, o ideal seria que a formação e área de atuação focassem em apenas uma frente. “Quando temos um leque grande, o campo de atuação do professor acaba ficando limitado e as metodologias de ensino são diferentes entre uma matéria e outra”, destaca a coordenadora do curso de Matemática da Universidade Metodista, Débora Bezerra.

Formada em Química com habilitação em Física e Matemática há sete anos, a professora Vânia Lima, confessa que embora esteja dentro de seu campo de atuação, a Matemática é um pouco mais específica e demanda conceitos isolados do conhecimento. “O nível de dificuldade aumenta significativamente, mas como eu amo as disciplinas, não acho ruim. Fico um pouco fora na Matemática, atuo apenas em casos emergenciais”, revela a docente, que escolheu a Física como área principal de trabalho. “Faço pós-graduação em Ciências da Natureza”, complementa.

Para Alejandra, não existe uma solução simples. Gestores públicos precisam investir em duas frentes: melhorar a formação inicial dos professores e empregar programas de aperfeiçoamento dos docentes. “Precisamos ter um currículo adequado ao magistério. Hoje, temos uma abordagem didática limitada. Da mesma forma, a chamada formação continuada precisa melhorar. Ela deve levar em conta o diagnóstico dos desafios em sala de aula”, considera.

 

Estado destaca investimento na formação dos docentes da rede

A Secretaria Estadual da Educação informou que 90% dos professores da rede têm Ensino Superior completo, 4% têm pós-graduação e outros 3% mestrado. Além disso, o Estado mantém unidade dedicada exclusivamente à formação continuada dos mais de 200 mil docentes. Trata-se da Efap (Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores), que oferece cursos de atualização e de reciclagem profissional por meio da Rede do Saber (www.rededosaber.sp.gov.br).

Para atingir o maior número possível de professores, os cursos da Efap combinam ensino a distância e ambientes virtuais de aprendizagem na modalidade presencial. Além disso, a Escola é fase obrigatória de novos docentes concursados da rede. O objetivo é que eles se apropriem do currículo e metodologia utilizada pela Secretaria da Educação ao chegarem às salas de aula.

Desde 2010, São Paulo mantém um currículo único para as 5.300 mil unidades da rede, sendo 336 no Grande ABC. A proposta da página virtual é reunir em um mesmo espaço diferentes materiais para auxiliar a elaboração de planos de aula. São vídeos, roteiros e itens do caderno do aluno que podem ser consultados por área, disciplina ou palavra-chave.

Para quem está chegando agora ou quer conhecer novos tipos de abordagens em sala de aula, a página mantém uma seleção de videoaulas das mais diversas disciplinas dos ensinos Fundamental 2 e Médio, como Química, Língua Portuguesa, História e Inglês.




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