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Enterrado artista golpeado com taco de beisebol
Por Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
24/10/2010 | 07:29
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Foi enterrado na manhã de ontem o corpo do designer Henrique Pereira, 21 anos. Na madrugada de sexta feira, o jovem teve teve falência múltipla dos órgãos e morreu depois de dez meses em coma, iniciado em dezembro do ano passado, quando foi agredido pelo personal trainer Alessandre Aleixo. Henrique folheava um livro sentado no chão da Livraria Saraiva do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, quando Aleixo golpeou sua cabeça com um taco de beisebol.

Parentes, amigos e professores de Henrique foram até o cemitério Cristo Redentor, na Vila Pires, em Santo André, para se despedir. O velório estava cheio e o clima era de muita comoção. Por onde se olhava, era possível ver homenagens e olhos vermelhos.

Na porta da sala onde o corpo estava sendo velado, havia um cartaz da Uniban com a foto do ex-aluno e de um de seus principais trabalhos: a vaca que ele estilizou para a Cow Parade, intitulada de Vaca de Sampa - e que está sendo exposta em vários campi da Uniban. No site da instituição havia um comunicado do falecimento do jovem. "Como forma de homenagem, a universidade dá continuidade à exposição itinerante da obra", dizia o aviso. A partir de novembro, a Vaca de Sampa estará exposta na unidade da região, onde ele se formou.

O local seguiu praticamente lotado até o momento da saída do cortejo do enterro. A mãe do jovem, Silvania de Carvalho Pereira, não quis dar entrevistas, mas confirmou que a maioria das pessoas era de familiares e amigos.

Dos familiares, o mais sereno era Elifas Pereira Filho, o pai de Henrique. Ele recebeu condolências dos amigos, atendeu à imprensa com cordialidade e pediu ajuda aos professores e colegas para dar continuidade aos projetos do filho. "Não quero que os projetos parem, porque ele estava tocando coisas maravilhosas. Eu sempre estava por perto, ele me pedia opinião, mas não tenho o conhecimento que ele tinha", disse.

Elifas Pereira explicou que sua serenidade vinha da confiança de que Henrique estava bem. "A dor da saudade é grande, mas mas tenho certeza de que coisas maravilhosas o esperam do outro lado", disse o pai, estudioso do espiritualismo.

"Não esperávamos esse desfecho, mas sabíamos das dificuldades que ele enfrentou porque estávamos sempre ao lado dele. A gente lutou muito para ter o Henrique de volta, mas Deus quis assim."

Já Walkiria Madureira, tia do artista, era uma das mais emocionadas. "Ele era muito doce. Foi um anjo que passou nas nossas vidas", disse, com a voz embargada.

Agressor deve responder por homicídio doloso

A situação do agressor se complicou com a morte de Henrique. O Ministério Público de São Paulo informou que a promotora Maria Gabriela Ahualli Steinber, do 1º Tribunal do Júri da Barra Funda, fará aditamento à denúncia já apresentada à Justiça. O agressor Alessandre Aleixo agora passa a responder por homicídio consumado.

O pai da vítima, Elifas Pereira Filho foi orientado a registrar outro boletim de ocorrência anteontem. "Nada que aconteça trará o Henrique de volta", desabafou. "Eu não quero que ele (agressor) fique largado em algum presídio. Gostaria que ele recebesse algum tratamento para ser inserido novamente na sociedade."

Alessandre, que está preso no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo, aguarda transferência para um manicômio judicial.




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