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Celso Daniel foi torturado
Por Do Diário OnLine
Com Diário do Grande ABC
23/01/2002 | 00:45
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A perícia realizada no corpo de Celso Daniel concluiu que o prefeito foi torturado e espancado antes de ser executado com sete tiros de pistola 9 milímetros, todos a no máximo 50 centrímetros de distância. Dois dos disparos maceraram o queixo e deslocaram o maxilar do prefeito. O rosto de Celso ficou desfigurado e precisou ser reconstituído por um anatomista ainda no Instituto Médico Legal (IML), para que o velório ocorresse com o caixão aberto.

Parlamentares do PT que acompanharam o trabalho dos peritos revelaram que o corpo tinha ainda um hematoma entre o couro cabeludo e a caixa craniana – na parte posterior da cabeça – e marcas nas costas. O coágulo pode ter sido causado por um golpe desferido pelos criminosos. As marcas encontradas nas costas teriam sido causadas pela pressão da ponta de armas usadas contra o prefeito durante o tempo em que permaneceu em poder do grupo.

A hipótese levantada pelos médicos legistas é que o prefeito tenha sido jogado do carro onde foi levado pelos seqüestradores até a Estrada da Cachoeira, em Juquitiba, e tenha recebido primeiro os tiros nas costas.

Depois de ter sido jogado e baleado nas costas, já no chão o prefeito teria usado as mãos para tentar proteger o rosto dos novos disparos feitos pelos seqüestradores. Neste momento, teria começado o espancamento, que foi brutal, segundo um perito.

As balas que mataram Celso eram 9 milímetros, mesmo calibre usado pelos autores da morte de Toninho do PT, prefeito de Campinas, em setembro do ano passado. A polícia vai realizar exame de balística e comparar os projéteis dos dois casos — duas balas ficaram alojadas no corpo de Celso, e várias cápsulas deflagradas foram encontradas próximas ao local onde ele foi achado (uma delas no bolso do prefeito).

Investigação - Nesta terça, o empresário Sérgio Gomes da Silva foi convocado para prestar esclarecimentos na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que assumiu as investigações na segunda-feira. Durante mais de seis horas, Sérgio Gomes contou como foi a abordagem da quadrilha. Ele confirmou que estava armado, mas disse que não teve como reagir porque estava mais preocupado em fugir do cerco dos seqüestradores. Segundo ele, os criminosos estavam bem vestidos.

A partir das informações prestadas pelo empresário, foi feito o retrato falado de um dos seqüestradores. Trata-se de um homem com de 20 a 25 anos, moreno, com cerca de 1,73 m, cabelos e olhos castanhos.

Nesta terça também houve alguns avanços na investigação. À tarde, a polícia prendeu um ex-militante do PT que distribuía panfletos fazendo ameaças a lideranças do partido. Segundo a polícia, trata-se do original da correspondência anônima enviada pela Farb (Frente de Ação Revolucionária Brasileira) em novembro do ano passado a prefeitos, parlamentares e outros cardeais petistas, entre eles Celso Daniel.

No final da tarde, foi encontrada uma Blazer incendiada na região de Parelheiros, zona Sul da capital paulista. O carro tem características semelhantes às de um dos automóveis usados pelos bandidos que seqüestraram o prefeito na sexta. Segundo informações preliminares, a Blazer encontrada queimada em um lixão seria de cor escura e teria placas de São Bernardo.

O caso - Celso Daniel foi seqüestrado na noite de sexta na rua Antonio Bezerra, no Sacomã, na capital. Ele voltava de um jantar com o empresário Sérgio Gomes da Silva, seu ex-assessor e amigo. O prefeito foi arrancado da Pajero blindada, que era dirigida por Sérgio, por uma quadrilha com entre oito e dez homens fortemente armados, que ocupavam uma Blazer e um Santana.

Na manhã de domingo, o corpo de Celso foi encontrado na Estrada da Cachoeira, município de Juquitiba, a cerca de 70 km de São Paulo.




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