Velocidade e carros são duas paixões que andam de mãos dadas. Esse sentimento avassalador é o ingrediente principal do bestseller internacional "Drive" (Leya, 160 páginas, R$ 24,90), de James Sallis, um dos melhores escritores de ficção da atualidade.

Com narração que evita ao máximo os clichês, o suspense ganha espaço a cada capítulo. O thriller é um conto ao estilo noir do fim dos anos 1940 e 1950, estrelado por indivíduo resistente que pisa sobre a linha tênue do legal e do ilegal. O Piloto, protagonista da trama, pode ser definido por esta frase: “Eu dirijo. É isso que eu faço. Tudo que eu faço”.

Ele não é hábil com as palavras, muito menos ágil nos movimentos, mas dirige insanamente. Misterioso e conhecido apenas como Piloto, o personagem é um dublê de cenas automobilísticas em Los Angeles. Mas não um simples dublê: ele é o melhor no que faz e ninguém discute seu posto.

Durante o dia, trabalha em estúdios de gravação, enquanto à noite dirige o carro de fuga em atividades criminosas. A vida dupla o levará ao extremo. Entretanto, o driver é um cara perdido que vive em extrema solidão e é quase incapaz de se comunicar, até conhecer Irene e seu filho, que vivem sozinhos no mesmo prédio que ele enquanto o marido dela não sai da prisão.Os dois se tornam amigos e acabam se sentindo atraídos – embora nunca se relacionem amorosamente.

Quando o marido de Irene sai da cadeia, se mostra um cara bacana. Porém, por dividas com pessoas de dentro da prisão ele é obrigado a fazer um assalto em nome da segurança de sua mulher e filho. O Piloto se vê forçado a ajudá-lo, mas o assalto dá errado. Depois de roubar o carro de poderosa gangue, o protagonista inicia emocionante fuga e luta pela sobrevivência.

O fato será o estopim para início da vida criminosa do driver, que se torna um assassino que continua a matar a fim de permanecer vivo.

O livro é um enigma bem desenvolvido. Seu personagem entra em foco claramente pelo fim, mas você percebe que o conhece. O enredo se desenvolve em série de cenas nãolineares que preenchem a história de uma forma magistral.

As experiências do Piloto mostram que quando estamos ligados ao nosso destino, somos forçados a fazer certas escolhas. Não tem como escapar.