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Querem encontrar frei Luiz? Procurem entre os pobres

Neste Domingo de Páscoa, frei Luiz Favaron faz aniversário: 81 anos. Está feliz porque não deixou de trabalhar. Mais ainda porque atua diretamente junto aos pobres

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
04/04/2021 | 00:01
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“Desde pequeno ele manifestava desejo de ser padre. Ele era coroinha em sua paróquia e quando chegava em casa, brincava de celebrar missa no quarto. Ele chamava os irmãos e vizinhos para representarem os coroinhas e povo, e com um pedaço de pão, representava a hóstia.” (Zaira Favaron, numa carta escrita quando dos 80 anos do irmão).

Coube à professora Eliana Borges Cardoso preparar o que ela chama de Breve Resumo da Vida de Frei Luiz Favaron.

São notícias levantadas com discrição, em trabalho de formiguinha, conversas informais que foram construindo uma linha do tempo. Do contrário, muito provavelmente frei Luiz manteria a discrição que vem desde os tempos de menino, na Itália bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial.

Os textos de hoje e amanhã, portanto, podem ser chamados de “não autorizados”. Com vocês, a história do frei que trouxe a Teologia da Libertação ao Grande ABC.

Só me aposento como padre quando morrer

4 de abril de 1940 – Frei Luiz Favaron nasce em Legnaro, Padova, Itália.

Pais – Giuseppina Fioretto e Antonio Favaron.

Irmãos – Zaíra, Luciano, Lucia e Tarcisio (padre em Padova).

1951 – Entra para o Seminário dos Frades Menores Conventuais de Padova

1965 – Em 13 de março, em Roma, celebra a primeira missa; em 19 de março, nova celebração, agora em Legnaro, sua cidade natal.

Nesse dia, comunica à mãe a intenção de ser missionário na África. Os superiores o enviam para o Brasil.

29 de novembro de 1965 – O desembarque no Porto de Santos.

É destacado para trabalhar no seminário da Cidade dos Meninos, em Santo André. Para aprender o português, cursa a Faculdade de Serviço Social, em São Caetano.

1971 – A saudade doía longe dos seus. Finalmente consegue viajar e rever a mãe.

1977 – Assume a Paróquia Senhor do Bonfim, no Parque das Nações. Permanece até 1983.

Frei Luiz cria as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) na paróquia. Forma lideranças sindicais e políticas. Torna-se o principal expoente da Teologia da Libertação no Grande ABC. Influencia gerações em suas pregações humanistas, pela liberdade, respeito, diversidade, igualdade e solidariedade.

1978 – A perda da mãe, que ele esperava rever no Natal. Ano seguinte, a partida do pai.

1983 – Contra sua vontade é transferido para Guaíra, no Paraná, a 1.000 quilômetros da sua querida Santo André, que aprendera a gostar e a amar.

No Paraná, se engaja na luta em favor dos desabrigados que viviam à beira do Rio Paraná e que perderam suas fontes de subsistência com a inundação das Sete Quedas para a construção da hidroelétrica de Itaipu. Agora, a luta na terra.

1985, 28 de julho – Lá está ele, participando da I Romaria da Terra, com o lema ‘Os pobres da Terra na conquista do pão’.

1989 – Volta a morar em Santo André, no seu Parque das Nações. Assume duas paróquias: Santa Gema Galgani, onde permanece até 2018, e Nossa Senhora de Lourdes, em Mauá, onde ficou por 12 anos.

Contas feitas: quase 30 anos como diretor-geral da Cidade dos Meninos Maria Imaculada, que marcaram definitivamente sua história.

2018... 2019... - Anos difíceis. Em 2016 viu-se obrigado a assinar carta de aposentadoria, por ter completado 75 anos. Não deixa de trabalhar, porém. Na cabeça, a certeza: só vai se aposentar como padre quando morrer.

Trabalha na Paróquia Santa Gemma, assume a capela Maria Imaculada do Parque Novo Oratório, celebra missas no cemitério de Vila Curuçá. E pede a Deus uma saída, mantendo a vitalidade e vontade de trabalhar como nos tempos do jovem missionário.

E lá vai o Frei Luiz...

Querem conhecer os passos do frei Luiz? Ele atende nas comunidades pobres da região do Belém, em São Paulo. Auxilia os padres combonianos na Fazenda da Juta. Celebra nas ruas e nos condomínios populares. São dez capelas atendidas.

E com que alegria frei Luiz passou a atender em núcleos como o Buraco do Tatu e Nova Esperança.

“O céu se abriu. Deus mostrou o caminho: trabalhar com os mais pobres, os preferidos de Deus”, revela aos amigos.

Os mesmos amigos que o apoiaram a criar um perfil nas redes sociais. Pandemia? Há um ano passou a transmitir suas missas por live, todos os domingos, às 9h30, com quase 5.000 seguidores.

No Jardim Santo Alberto, em Santo André, com um grupo de leigos, criou em 2020 a Casa dos Pobres, que está servindo 400 marmitex aos que mais precisam.

Há duas décadas pode ser sintonizado na Rádio Milícia da Imaculada, com o programa Evangelo Diário.

Cultiva horta orgânica. Caminha uma hora por dia. Pratica meditação transcendental e exercícios de respiração de ioga. Adora animais.

Com tudo isso, é tímido e discreto. Não gosta de holofotes. Vai saber como receberá estes registros levantados ao longo do tempo e com discrição pela sua seguidora querida, a professora Eliana.

Setenta e cinco anos, velho! Regra do direito canônico para se aposentar! Aos 81 anos, frei Luiz Favaron permanece ativo e saudável para continuar a levar a palavra de Deus. Como tantos outros religiosos nas suas condições que foram forçados a parar. Entre eles o querido padre Carlito.

NOTA

A íntegra do Breve Resumo da Vida de Frei Luiz Favaron, da professora Eliana Borges Cardoso, estará esta semana no Face da Memória (endereço no alto da página). Ali, todas as fontes e indicações para saber mais sobre frei Luiz.

Diário há meio século

Domingo, 4 de abril de 1971 – ano 13, edição 1503

Manchete – A recusa de Israel provocará a guerra

Tel-Aviv (AFP e Serviço Local) – O país não permite o desembarque das tropas militares egípcias na margem Oriental do Canal de Suez.

Adeus – Falece o pracinha Pedro Alexandre, natural de São Caetano.

Municípios brasileiros

Hoje é o aniversário de Alfredo Marcondes, Aramina, 

Cruzália, Itajobi, Jaci, Marília e São José do Rio Pardo, no Estado de São Paulo.

Marília foi elevada a município em 24 de dezembro de 1928, separando-se de Cafelândia. A instalação solene ocorreu em 4 de abril de 1929.

O nome Marília foi escolhido por acaso por Bento de Abreu, personagem da região, numa viagem de navio à Europa. Ele foi à biblioteca da embarcação e viu o nome no livro “Marília de Dirceu”, do poeta Tomás Antônio Gonzaga. Gostou e batizou a cidade com esse nome.

Entre as cidades brasileiras, aniversariam em 4 de abril: Aquidabã (Sergipe), Coremas (Paraíba), Dom Macedo Costa (Bahia), Extremoz e Governador Dix-Sept Rosado (Rio Grande do Norte), Presidente Kennedy (Espírito Santo) e São Gabriel (Rio Grande do Sul).

DOMINGO DA RESSUREIÇÃO

É o dia santo mais importante da religião cristã. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. 

Do hebreu Peseach, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade.

A presença de Jesus ressuscitado não é uma alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.

Fonte: Jovens Conectados (com o portal Canção Nova).




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