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‘Jeitinho’ não é regra na Federação

Entidade permitiu ao Água Santa quebrar
regulamento e impediu Atibaia de jogar A-2

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
28/10/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Como não fez a lição de casa e não tem estádio com iluminação para disputar o Campeonato Paulista, como determina o regulamento geral da competição, o Santo André terá de contar com a boa vontade da FPF (Federação Paulista de Futebol) no conselho técnico de terça-feira, para fazer valer a vaga obtida em campo, com o título da Série A-2, e mandar suas partidas no Bruno Daniel às tardes. Se a expectativa é boa pelo precedente aberto em 2015 com a inclusão do Água Santa na elite mesmo sem a capacidade exigida e sem iluminação do Estádio do Inamar, vale lembrar que a entidade barrou o Atibaia de disputar a Série A-2 pelo mesmo motivo.

No caso do Netuno, o time foi surpreendido no conselho técnico do Paulista, quando foi ameaçado de ficar sem a vaga porque o Inamar tinha capacidade para 5.000 torcedores, enquanto o regulamento exigia 10 mil. A diretoria justificou que estava realizando obra de ampliação e iniciou-se a novela, até que a FPF ignorou o prazo contido no regulamento e autorizou a inclusão do time de Diadema na disputa, após quase um mês (leia mais ao lado).

No caso do Atibaia, a decisão foi outra. A equipe obteve vaga na Série A-2 após terminar em quarto a Série A-3 de 2015, mas o Estádio Salvador Russani, onde manda seus jogos, tinha capacidade para 3.000 pessoas, quando o mínimo exigido era de 8.000. A diferença é que não havia projeto para ampliação e o prefeito, agora reeleito, Saulo Pedroso (PSB), disse que o município não tinha os R$ 6 milhões estimados para ampliação.

Existem outras decisões da FPF favoráveis aos clubes quando existe projeto em execução para cumprir o regulamento, mesmo fora do prazo estipulado. O Votuporanguense é um exemplo. O time subiu para a Série A-2 em 2015 e, na semana seguinte, iniciou a construção de estádio, seguindo o que era exigido. Mesmo finalizando a obra da Arena Plínio Marin poucos dias antes da estreia neste ano, o time não correu o risco de ser eliminado do torneio.

No caso do Bruno Daniel e do Santo André, a situação se complica justamente porque a Prefeitura não informa se já foi feita a licitação para a compra das torres e dos refletores nem o prazo para execução da obra. O investimento deve girar em torno de R$ 2,5 milhões, valor investido em 2011 por São Bernardo para iluminar o Estádio 1º de Maio – os projetos são semelhantes. 

Carlos Grana garante que vai instalar iluminação até dezembro

 Atual prefeito de Santo André e em busca da reeleição, Carlos Grana (PT) disse estar tranquilo em relação à instalação das torres de iluminação no Bruno Daniel. O candidato diz que cumpriu o cronograma enviado para a FPF (Federação Paulista de Futebol) na reforma do estádio e acredita que “tem crédito” para resolver a situação, mesmo fora do prazo.
 

“Faremos a iluminação até dezembro. É isso que o clube irá falar no conselho (técnico, terça-feira). Tudo o que prometemos em relação ao Bruno Daniel nós cumprimos e isso nos dá crédito para continuar tocando a obra”, explicou Grana.


O prefeito, que está licenciado, ressaltou que “não é preciso se desesperar. O Paulista deve começar no fim de janeiro, ou seja, vai dar tempo tranquilo para concluir a iluminação”, acrescentou, ignorando determinação do regulamento que exige que tudo esteja pronto até o conselho técnico.


Paulinho Serra diz que buscará formas de resolver situação caso seja eleito
 
Candidato do PSDB à Prefeitura de Santo André e ex-secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos da atual gestão, Paulinho Serra disse que fará “o que estiver ao alcance” para resolver os problemas do Bruno Daniel caso seja eleito, domingo.
 

“Caso eu seja escolhido pela população, na semana seguinte vou até a Federação Paulista me comprometer a resolver a situação. Apesar de assumir apenas em janeiro, temos de encontrar expedientes legais para garantir a finalização das obras do Bruno Daniel, não dá para ficar de braços cruzados esperando chegar janeiro”, prometeu.


Paulinho foi o responsável pelo início das obras no Bruno Daniel, mas não conseguiu concluir o projeto antes de deixar a secretaria, em julho de 2015. “As obras não foram concluídas porque o meu sucessor (Carlos Sanches, o Carlão, PT) não soube usar o dinheiro que estava disponível”, acusou.

Após susto, Inamar segue na mesma

O Água Santa correu sério risco de ficar de fora do Paulistão deste ano por conta do atraso na conclusão das obras de ampliação do Inamar – que teve de superar o desabamento de uma arquibancada. A diretoria do Netuno investiu muito para erguer setor em tempo recorde atrás do gol e ter aval da FPF (Federação Paulista de Futebol) antes da estreia na elite.
 

A vaga foi confirmada mesmo sem o Inamar contar com iluminação, item obrigatório no regulamento geral da competição. A situação, por pouco, não pôs em risco a conclusão da primeira fase do Estadual. 

 Como de costume, a FPF marcou todos os jogos da última rodada para o mesmo horário (16h) e, sabendo que a luz natural não seria suficiente, a diretoria do Netuno instalou refletores improvisados para tentar minimizar o problema no duelo derradeiro, contra o São Bernardo.


O Tigre venceu por 1 a 0, se livrou da degola e acabou rebaixando o próprio Água Santa para a Série A-2. Mesmo assim, os são-bernardenses deixaram o gramado reclamando muito da baixa visibilidade, o que poderia gerar problemas caso o resultado da partida tivesse prejudicado o time visitante.

O susto, porém, não fez mudar praticamente nada na situação do Inamar. O estádio, que recebeu recentemente jogos da Copa Paulista, continua com a mesma iluminação improvisada e insuficiente, o que vai obrigar a intervenção emergencial caso o Netuno consiga uma das duas vagas da Série A-2 para disputar a elite, em 2017.



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