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Região ainda sente efeito da enchente
Por Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
22/04/2008 | 07:09
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Passados dois meses da catastrófica enchente que assolou o Grande ABC em 22 de fevereiro passado, a vida de moradores de Santo André e São Caetano ainda está longe de retornar à rotina.

 Naquele dia, as águas invadiram casas, interditaram ruas, pararam a operação dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e provocaram a morte do soldador João Simão de Souza, 44 anos, arrastado pelas correntezas.

 Uma dos moradores presos no trânsito daquela madrugada foi o técnico de sinistros Marcos Rodrigues, 41 anos. Ele trabalha em uma seguradora da zona Norte da Capital, e demorou sete horas para chegar em casa, no bairro Santa Terezinha, em Santo André. Quando chegou, encontrou 65 centímetros de água no interior da residência. “Não tive tempo de erguer nada. Perdi todos os meus móveis e eletrodomésticos. Tinha carpete de madeira e ele estragou. Só salvei a TV, que ficou em cima do rack da sala e a geladeira, que depois funcionou”. Ele ficou quatro dias limpando a casa.

 Hoje, o técnico é um exilado da enchente. Com a casa vazia, passa a maior parte do tempo na casa da noiva, também em Santo André. É lá que ele lava a rouba, guarda pertences e faz as refeições. Só vai para casa dormir. “Meus filhos vêm me visitar nos finais de semana. Ele têm de dormir em colchões no chão”, conta.

 Para Rodrigues, o futuro reserva vários crediários. “Vou ter de comprar tudo que perdi aos poucos. É como se eu fosse morar em uma casas nova”, lamenta.

 Rodrigues mora sozinho. Já na casa do soldador Alexandre Neri Foina, 29, no bairro Fundação, em São Caetano, a família inteira (cinco pessoas) ainda amargam os prejuízos. Eles também perderam a maioria dos móveis e eletrodomésticos, mas tiveram mais sorte: “a empresa onde trabalho me ajudou com as compras. E teve ainda a ajuda da Prefeitura”, afirma.

 A enxurrada derrubou uma parede da casa. Ela foi refeita, maior, há algumas semanas. “Agora, ficamos sempre com o pé atrás, sempre olhando para o céu. Se ameaça chover, todo mundo em casa já se prepara para levantar os móveis e tentar evitar que tudo aquilo se repita”, garante.



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