Debates, exposições e shows marcam a primeira edição no Grande ABC do Festival Grito do Rock, hoje e amanhã, no Espaço Cultural Cidadão do Mundo, em São Caetano.

Desde o último dia 25, o evento é realizado simultaneamente em cerca de 40 cidades brasileiras, e em duas capitais de países vizinhos: Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). Ao todo, 500 bandas participam da iniciativa.

Na região, 16 bandas integram a programação, que coloca em primeiro plano o efervescente cenário roqueiro. O público poderá conferir ainda as performances dos Djs Tadeu, Yeis, Gringa e Pagé.

“O Grito do Rock é uma realização do coletivo Fora do Eixo, de Cuiabá (MT). É um grande movimento de integração entre bandas e produtores de música independente”, explica o agitador cultural e um dos organizadores, Denilson Roque, o Deni. Em São Caetano o evento é feito em parceria com a Prefeitura, a Aarca (Associação de Arte Cultura e Educação Ambiental, da Zona Leste, em São Paulo) e tem o apoio da Alfatecnolobia, Mr. Tattoo e Bauer.

Nos dois dias, a série de shows começa às 14h e os ingressos custam 1 kg de alimento não-perecível. Entre os destaques da programação está o grupo de São Caetano Kães Vadius, pioneiro do gênero psychobilly (versão crua e irreverente do rockabilly norte-americano dos anos 1950).

Formada por HulkaBilly (vocal), Sandro Saphena (sax), Felipe Inri (baixo), Fábio Koveiro (bateria) e Arroz From Hell (guitarra), a banda encerra a série de apresentações hoje com canções emblemáticas de seus 23 anos de estrada.

Segundo ele, o Kães Vadius promoverá sorteios de cópias do DVD Ao Vivo em Casa – Efeitos e Defeitos Colaterais.

Reconhecido pelo público que acompanha o rock alternativo brasuca, o trio paraibano Zefirina Bomba se apresenta amanhã e é outro destaque do festival. Influenciada por ícones do punk como MC5 e Stooges, a banda produz músicas urgentes e sem firulas.

Além dos shows, o Grito do Rock terá Feira do Vinil (para venda e troca de discos) e uma exposição de carros antigos.

Hoje, haverá debate com o consultor musical Ricardo Martins, conhecido como Rick ‘n’ Roll, que discutirá a história das tribos urbanas e os movimentos culturais na região.

Enciclopédia roqueira, o debatedor participa do cenário musical desde o início dos anos 1970, quando freqüentava bailes. “Além da questão musical, os grupos do Grande ABC sempre tiveram uma atitude forte, talvez porque a região é diferenciada, não pode ser classificada nem como capital nem como interior. Os músicos daqui têm essa coisa outsider”, afirma Rick.

Amanhã, os debatedores serão o baixista Michel ‘Sucata’ e o vocalista Mau, do grupo Garotos Podres. Pioneiros do movimento punk local, os músicos falarão das dificuldades que tiveram de enfrentar desde o início da carreira da banda.