Economia Titulo Restaurantes
Espaço gourmet amplia presença nos shoppings
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
26/11/2012 | 07:43
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Denis Maciel/DGABC


Ao dar uma volta pelos shoppings do Grande ABC, o consumidor deve notar o crescimento da presença de restaurantes nos chamados espaços gourmets, com áreas reservadas para cada estabelecimento e segregadas da praça de alimentação. Embora o tradicional Viena seja precursor da modalidade no Shopping ABC, no último ano diversas outras bandeiras, principalmente franquias, tornaram-se adeptas da estratégia.

Com a inauguração do ParkShopping São Caetano (em novembro do ano passado) e a entrega das expansões do Shopping Metrópole (também em novembro de 2011) e do Grand Plaza (em outubro), a região ganhou 11 restaurantes em espaços gourmets. O complexo de compras de São Caetano conta com Outback, Galeto's, The Fifties, America e Little Tokyo. O de São Bernardo tem também Outback, La Pasta Gialla e Mr. Jack's. Em Santo André estão o Nahoe Sushi, Capital Steakhouse e Cruzeiro's Bar.

A aposta no investimento em estabelecimentos com esse perfil foi impulsionada pelo aumento do poder de compra da população das sete cidades, que melhorou o rendimento e subiu um degrau na classe socioeconômica. Na região, quase a metade das famílias pertence hoje à classe B, com renda média de R$ 4.237, segundo pesquisa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Conforme explica o diretor da consultoria IPC Marketing, Marcos Pazzini, a migração da população da região, do meio para o topo da pirâmide, faz com que cresça a exigência por produtos e serviços diferenciados. "Muita gente que até então se contentava em ir ao McDonald's e disputar uma mesa na praça de alimentação passou a querer espaço mais reservado e com pratos diferenciados."

Pazzini destaca que hoje a alimentação fora de casa no Grande ABC tem ganhado força, já que a presença das mulheres no mercado de trabalho é cada vez maior. "Sobra menos tempo para elas prepararem refeições em casa."

A comparação das versões de 2007 e 2012 da pesquisa IPC Maps evidencia esse movimento. Há cinco anos, o potencial de consumo de alimentos fora do domicílio era de R$ 1,2 bilhão, e a participação das despesas desse tipo na cesta de consumo das sete cidades era de 4,09%, ficando atrás de manutenção do lar, gastos com alimentação em casa e com veículo próprio. Hoje, o potencial subiu para R$ 3 bilhões (6,10% do total) e ultrapassou as despesas com automóvel.

Segundo a superintendente da Abrasce (Associação Brasileira dos Shoppings Centers), Adriana Colloca, os restaurantes têm sido destaque nos resultados de vendas dos complexos. De acordo com o último balanço, entre setembro de 2011 e o mesmo mês deste ano, houve aumento de 13,5%. "As pessoas estão comendo fora mais vezes por semana."

ESTREIA

Com investimento de R$ 2 milhões, o CEO do Grupo Ornatus (detentor de marcas como Jin Jin, restaurante de comida asiática, e Morana, loja de bijuterias e acessórios), Jae Ho Lee, decidiu lançar a primeira unidade do Little Tokyo no espaço gourmet do ParkShopping São Caetano.

A escolha pelo complexo se deu pelo seu perfil, voltado às classes A e B, pelo alto poder aquisitivo de São Caetano e para fugir do mercado competitivo das capitais, como São Paulo, já dominadas pela culinária japonesa. "Aproveitamos a desistência de um banco pelo espaço e que o shopping estava em busca de restaurante de comida japonesa. O fenômeno mundial também foi adotado pela classe C e por crianças."

O estabelecimento abriu as portas em outubro e, segundo Lee, o modelo do negócio foi concebido para se estabelecer em shoppings. "Queremos expandir a marca por cidades de até 300 mil habitantes e pelo Norte e Nordeste do País. Porém, durante os primeiros cinco meses faremos ajuste fino", conta. A meta é ter entre quatro e seis franquias em 2013 "em shoppings formadores de opinião, essenciais para construir e consolidar a marca".

Lee ressalta que o perfil do Little Tokyo é diferente do Jin Jin, por exemplo. "Os frequentadores assíduos são das classes A e B, porém, clientes da classe C vêm para comemorar datas especiais." Com espaço de 265 m² de área (lojas de praças de alimentação têm entre 30 m² e 40 m²), o tíquete médio é de R$ 60 a R$ 70 por pessoa, enquanto que o de restaurante nas praças custa entre R$ 20 e R$ 25. "Contratamos o chef Adriano Kanashiro para elaborar o menu. A ideia é tornar o luxo mais democrático para a massa. O que antes era acessível somente para a classe AAA hoje faz parte do dia a dia da classe B."




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