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Lazer com dias contados em Paranapiacaba
Por Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
15/07/2007 | 07:37
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Dias contados de festa. Para a maioria das famílias que moram em Paranapiacaba, o Festival de Inverno é o único momento de lazer no ano. Na Vila, a movimentação desta época é vista com um quê de entusiasmo e outro de desconfiança.

Entusiasmo porque durante três semanas a Vila inglesa vai voltar a ter o glamour da época da ferrovia e se tornar local da festividade mais importante da região.

A Prefeitura de Santo André estima que cerca de 120 mil turistas visitem Paranapiacaba nesta sétima edição do evento, que começou na sexta-feira à noite. Quase dez vezes o número da população local, que, segundo o IBGE, é de 1.418.

Desconfiança porque as ruas lotadas e as apresentações de artistas nos palcos têm dia certo para acabar: 29. “Poderia ter festival o ano todo porque a Vila fica cheia e há muitos shows”, diz Lucas Henrique Araújo, 12 anos, que sente falta de espaços de lazer.

Segundo a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia na UniA (Centro Universitário de Santo André), Ivone Varoli, as opções de lazer em Paranapiacaba são de fato limitadas. Ela coordenou pesquisa feita por alunos de Psicologia, que entrevistou 76 famílias do local. A principal reclamação foi a falta de infra-estrutura. “As famílias alegam que o não-funcionamento da estação de trem prejudica muito a todos.”

Há também muito desemprego na Vila. Cláudio da Silva Santos, por exemplo, tem trabalho apenas dois meses por ano – março e abril. Época que colhe na mata o cambuci, fruto típico da Mata Atlântica.

Mesmo assim, há moradores otimistas, que acreditam no renascimento da vila. É o caso da poetisa e artesã Francisca Cavalcanti de Araújo, 75 anos. “Por muito tempo a Vila ficou abandonada. Agora, a Prefeitura está investindo no turismo. É a única alternativa que temos de melhorar.”

Filha de ferroviários, Francisca chegou ao local antes de completar 10 anos. Presenciou o período dos barões de café e o abandono. Entretanto, ela concorda que para os jovens as possibilidades de lazer são poucas. “Os jovens e as pessoas que vieram de fora não entendem como funciona a vida aqui.”



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