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Suicídios em Guantánamo preocupam os Direitos Humanos
Da AFP
06/03/2003 | 11:14
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A vigésima tentativa de suicídio ocorrida na base norte-americana de Guantánamo (Cuba) voltou a provocar críticas por parte dos organismos defensores dos Direitos Humanos sobre o tratamento que recebem os prisioneiros dos Estados Unidos em sua guerra contra o terrorismo.

Privados pelas autoridades norte-americanas do status de prisioneiros de guerra, muitos dos 650 detidos em Guantánamo vivem há 14 meses isolados, com uma rotina que é apenas interrompida por constantes interrogatórios.

A maioria dos presos foi capturada durante a operação militar norte-americana no Afeganistão, acusados de pertencer à rede terrorista Al Qaeda ou ao regime talibã que governou aquele país.

Nenhum deles foi formalmente acusado, nem entrou em contato com um advogado ou tem direito a visitas. Os prisioneiros permanecem detidos em pequenas celas, deixando-as apenas durante 15 minutos por semana para tomar banho.

Das 20 tentativas de suicídio, quatro são reincidências. Na grande maioria dos casos, os presos tentam se enforcar. Um detido, que tentou suicído em 16 de janeiro passado, continua hospitalizado e em estado crítico, revelou a porta-voz do Pentágono, a coronel Barbara Burfeind.

"Pelo que pudemos averigüar, a partir de testemunhos de pessoas que foram libertadas, as condições de prisão são espantosas", afirmou Michael Ratner, presidente do Centro para os Direitos Constitucionais, com sede em Nova York.

"Nos interrogatórios são usadas técnicas de estresse: bombardeios de luz, privação de sono, isolamento total. Isso, acrescido da falta de contato com a família, a não ser por algumas cartas, e nenhuma perspectiva de saída, faz com que alguns tentem se suicidar, provavelmente para chamar a atenção, mas principalmente porque estão desesperados", explicou, acusando o governo de George W. Bush de ter deliberadamente "jogado o direito internacional pela janela".

O Pentágono, que assegura que as condições de detenção são corretas, disse lamentar as tentativas de suicídio.

Um novo prédio, que está sendo construído em Guantánamo, já acolhe 20 prisioneiros, que estão detidos em condições de menor isolamento e mais relaxados, explicou Burfeind. Esse "Campo 4" poderá abrigar até 200 detidos que forem considerados menos perigosos ou que tenham cooperado com os investigadores.

"As respostas do Pentágono são insuficientes", afirma Alistair Hodgett, porta-voz de Anistia Internacional em Washington.




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