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Inatividade física gera gastos de R$ 300 mi em internações ao SUS

Estudo mostra peso do sedentarismo no sistema de saúde; situação é pior entre mulheres e pessoas com nível menor de escolaridade

(Da ABr)
11/10/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Estudo realizado pela UFF (Universidade Federal Fluminense) constatou que o impacto econômico da inatividade física de brasileiros, em diferentes regiões do País, representa gastos no SUS (Sistema Único da Saúde) de cerca de R$ 300 milhões ao ano apenas com internações, em valores de 2019. 

“Esse custo seria evitável na medida em que você ampliasse o acesso da população a programas de promoção de atividade física”, disse Marco Antonio Vargas, subchefe do departamento de economia da UFF e coordenador da pesquisa.

Ele afirmou que esses programas devem ser direcionados a variados segmentos de diferentes faixas da população. “Você tem carências muito claras em alguns setores, principalmente em populações mais vulneráveis”, ponderou. O estudo objetiva contribuir para a formulação e implementação de políticas em saúde preventiva, assim como ao estímulo à prática de atividade física no País.

O foco do trabalho se situou em pessoas com mais de 40 anos, em função do volume de dados existentes. Buscou-se correlacionar informações com os custos de tratamento no SUS, isto é, gasto de hospitalização. O levantamento envolveu equipe interdisciplinar de pesquisadores, coordenada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da UFF e foi realizado em 2019, antes da pandemia. 

Vargas esclareceu que a inatividade está associada à incidência de diversas doenças crônicas não transmissíveis, entre as quais hipertensão, diabete, neoplasias de cólon e mama e doenças isquêmicas do coração, entre outras. A inatividade física constitui um dos principais fatores de risco associados à mortalidade no mundo e no Brasil. 

“Em maior ou menor medida, essas enfermidades guardam correlação com a inatividade física. Algumas em percentual menor e outras, maior”, observou Vargas. Dentro do conjunto de custos no SUS associado ao tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, a pesquisa buscou a parte que pode ser atribuída à inatividade física.

O coordenador informou que o nível de escolaridade e de renda está associado à prevalência maior de inatividade física. A partir de dados da vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, do Ministério de Saúde, observou-se, por exemplo, que o sedentarismo é maior entre os indivíduos com sete anos ou menos de escolaridade (57,92%) em comparação com aqueles que têm 12 anos ou mais de escolaridade (41,18%). O nível de inatividade é maior entre mulheres do que entre homens e quanto menor for o nível de escolaridade, maior o nível de inatividade.

Vargas defendeu, ainda, que a promoção da atividade física deve ser encarada como parte integrante de política de saúde. “Ela não está separada e, portanto, deve ter uma atenção bastante especial do ponto de vista de programas voltados à prevenção”, salientou.

O estudo cita dados da Base de Informações Municipais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Eles mostram que 88% dos municípios brasileiros desenvolvem algum tipo de ação, projeto ou programa permanente na área de esporte e lazer.




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