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Sociedade civil perde e Condema aprova corte de 14 árvores em praça

Retirada de espécimes era entrave para obras de revitalização do equipamento em Diadema

Por Aline Melo
do Diário do Grande ABC
18/09/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Uma batalha que durou mais de um ano parece, finalmente, ter acabado. Do lado perdedor, a sociedade civil no Condema (Conselho de Defesa do Meio Ambiente de Diadema), que assistiu ser aprovada, na noite de ontem, a remoção de 14 árvores da Praça Castelo Branco para as obras de revitalização que estão em curso no local desde o início de setembro. Do lado vitorioso, a Prefeitura de Diadema, que tenta desde o ano passado aprovar a obra.

Por dez votos a sete, os representantes do governo e da ACE (Associação Comercial e Empresarial) da cidade aprovaram a retirada de 14 exemplares – cinco deles já mortos – e remanejamento de outros 23. A disputa em torno da reforma teve início em julho de 2018, quando a imprensa noticiou que a administração discutia com os comerciantes a criação de estacionamento na praça, a primeira oficial da cidade, inaugurada em 1965.

Presidente do Condema e secretária do Meio Ambiente da cidade, Tatiana Capel afirmou que a reunião extraordinária do colegiado foi realizada após acordo com o MP (Ministério Público). Desde julho do ano passado, inquérito civil investiga a necessidade do corte das árvores, e, em 11 de setembro, representantes da sociedade civil no Condema protocolaram na Promotoria da cidade pedido de suspensão das obras.

“Os técnicos responsáveis pelo manejo explicaram a necessidade de intervenções em todas as árvores, uma por uma”, relatou Tatiana. “Aprovamos pela maioria as intervenções arbóreas e agora vamos publicar a ata dessa reunião e o mais rápido possível, encaminar para o MP.”

A secretária negou que o projeto tenha sido mudado após a aprovação do Condema, em dezembro do ano passado, como alegam os integrantes da sociedade civil.

A afirmação é contestada pelo vice-presidente do Condema e representante da sociedade civil, Francisco de Assis Cardoso. “Apresentaram as justificativas para supressão e remanejamento, e isso altera o projeto”, reiterou. “Tiveram maioria e aprovaram, mas desde sempre estamos falando em manter a forma original na praça, e isso inclui manter a sua vegetação”, completou.

Cardoso avaliou o resultado como uma derrota e que os conselheiros que se posicionaram contrários ao que foi aprovado ainda vão dialogar para verificar se existem caminhos legais para, mais uma vez, evitar o corte e a retirada dos espécimes. “Ainda estamos digerindo.”

Representante do MDV (Movimento em Defesa da Vida) no Condema, Claudio Milz lembrou que muitas das árvores que serão suprimidas darão lugar ao estacionamento – o projeto prevê 30 vagas. “A reunião foi positiva, porque foi um pedido do MP, mas infelizmente não foi possível impedir (o corte das árvores). Praticamente enganaram a gente”, completou.

PATRIMÔNIO
A Praça Castelo Branco foi inaugurada em 1965 pelo ex-prefeito Lauro Michels, tio- avô do atual prefeito Lauro Michels (PV), e é tombada como patrimônio da cidade. O projeto de reforma contemplou recomendações do Condepad (Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico, Documental, Artístico e Cultural de Diadema), como construção de monumento ao mosaico português – piso atual da praça, que não será mantido, devido ao seu alto custo de manutenção e falta de mão de obra especializada – e dois totens que contem a história do local.
 




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