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Em 3 meses, dengue avança 520%

Número de pessoas contaminadas saltou de 25 em janeiro para 155 em abril; cenário preocupa

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
28/05/2019 | 07:00
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Denis Maciel


Os registros de contaminações por dengue têm avançado rapidamente no Grande ABC desde o início do ano. No primeiro quadrimestre, a quantidade de pessoas atingidas pelo Aedes aegypti saltou 520% – passou de 25 em janeiro para 155 em abril. Conforme os dados agrupados pela Secretaria Estadual da Saúde, já são 381 casos confirmados da doença entre as sete cidades, sendo 278 deles autóctones – contraídos no município de origem do paciente. Em todo o ano passado, foram observados 73 pacientes infectados pelo vírus.

O cenário preocupa, tendo em vista que se trata de uma doença febril aguda que ameaça a saúde pública em todo o mundo e, quando não cuidada, pode evoluir para óbito. “Por ser disseminada por um mosquito, seu alcance é alto. O principal problema ocorre quando a dengue acomete muitas vezes a mesma pessoa, o que amplia a chance do tipo hemorrágico, que é o mais grave”, observa o professor de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvencio José Duailibe Furtado.

Chama atenção, conforme o especialista, que o problema da dengue é observado há décadas e, mesmo assim, ainda não foi resolvido. “É uma questão que deve ser encarada constantemente, tanto do ponto de vista da saúde pública, com o controle do mosquito, quanto da necessidade de orientar a população para que também previna o mal”, ressalta o especialista. Ele defende que as comunidades realizem ações tanto para cobrar medidas de limpeza e eliminação de possíveis focos das prefeituras e Estado quanto para conscientizar moradores a respeito da importância da prevenção.

Para o biólogo Horácio Manuel Teles, do Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), está claro que o aumento dos casos da dengue neste ano tem relação com a redução dos cuidados que visam o controle dos criadouros nos ambientes domésticos e ações de responsabilidade das diferentes instâncias de governo. “Campanhas de prevenção à proliferação do Aedes aegypti precisam ser reforçadas, especialmente nas regiões onde já há registros”, alerta.

Embora já exista vacina contra a dengue, Furtado observa que ela só tem eficácia nos casos de reincidência da doença. “Para quem nunca teve, não vale a pena.” A proteção deve ser dada em três etapas. No Brasil, o valor de cada dose – que deve ser prescrita por médico – varia entre R$ 132 e R$ 138.

Evitar criadouros do Aedes é o melhor método de prevenção

Apesar dos avanços da medicina, ainda não se descobriu uma forma eficiente de combate ao Aedes Aegypti. Por isso, a melhor forma de prevenir a dengue continua sendo a redução das possibilidades da criação e reprodução do mosquito, que também é responsável pela transmissão de doenças como zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Para evitá-lo, o biólogo Horácio Manuel Teles, integrante do Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (que inclui São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), ressalta que cuidados como manter tonéis e caixas-d’água fechados, fazer a manutenção periódica da limpeza das calhas e armazenar garrafas com a boca para baixo devem ser priorizados.

Outras recomendações do especialista são utilizar tela nos ralos, manter lixeiras tampadas, colocar areia nos pratos de vasos de plantas e limpar os bebedouros de animais com escova ou bucha. (NF)

Mauá concentra 35% dos casos da doença

Mauá é o município mais afetado pela dengue no Grande ABC. Além de ser a única a ter confirmado uma morte pela doença – o óbito foi no dia 13 de abril em São Bernardo, o número de contaminações na cidade corresponde a 35,4% do total da região. Desde janeiro, 135 moradores já foram vitimados pelo Aedes aegypti, sendo 125 casos autóctones, ou seja, contraídos em território mauaense.

No dia 14 de maio, o Diário mostrou que o Jardim Zaíra é o bairro mais problemático da cidade, com pelo menos 25 casos confirmados. Somente na Rua José Gonçalves Sanches, foram 12 suspeitas de dengue – três confirmadas e outras nove aguardam resultados laboratoriais. O cenário da via explica o problema. Cercada pela mata, a área está repleta de entulho, lixo e pneus com água parada, possíveis criadouros do Aedes aegypti.

Segundo a Prefeitura de Mauá, está sendo realizada avaliação de índice larvário para dar direcionamento aos trabalhos realizados pelos agentes de saúde e comunitários da cidade. A administração diz vistoriar, durante o ano todo, os bairros e realizar bloqueios em áreas de casos suspeitos. (NF)




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