Política Titulo Condomínio Altos de Mauá
Com irmão secretário, vereador de Mauá incita invasão a prédios

Parente do chefe da Habitação na gestão Atila, Severino do MSTU alega que intenção era evitar outras ocupações

Junior Carvalho
Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
12/04/2017 | 07:00
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Ligado a movimento de moradia e com irmão no comando da Secretaria de Habitação de Mauá, o vereador Severino do MSTU (Pros) convocou integrantes do grupo a ocuparem as unidades do condomínio Altos de Mauá, na Vila Feital. O empreendimento de 840 apartamentos está sendo erguido desde 2013 com recursos dos governos federal e estadual.

A ação ocorreria no dia 30, mas não chegou a acontecer porque áudios do discurso de Severino convocando a ocupação vazaram nas redes sociais. Na gravação (veja arte acima), o vereador combina o horário do ato com os integrantes do MSTU (Movimento dos Sem-Terra Urbano) e articula alternativas para evitar que o grupo seja impedido de agir pelas forças policiais. “Não é para chegar às 10h. É às 9h, porque quanto mais cedo chegar (melhor, senão), vai dar tempo dos guardas ligarem para a Caixa (Econômica, uma das financiadoras da obra) e para a construtora”, disse Severino. O parlamentar segue pedindo que os integrantes convidem vizinhos e familiares para inflar a ação e avisa que é preciso levar alimentação ao local. “Quanto mais gente lá dentro é melhor. Ninguém vai quebrar nada. Vamos assumir o que é nosso.”

Severino é irmão de Raimundo Cassiano de Assis, titular de Pasta no primeiro escalão de Atila Jacomussi (PSB). Ao Diário, o vereador confirmou a ação. Ele alegou, contudo, que chamou os integrantes do MSTU para irem até o local “ocupar” e não “invadir”. “Como eu vou invadir um negócio que é meu? A propriedade é nossa”, sustentou o parlamentar, em referência à construção do empreendimento. Severino explicou ainda que chamou a “ocupação” para evitar justamente a invasão. “Recebi uns áudios que denunciavam que uma ocupação vizinha ia invadir os prédios, negócio dos sem-terra que tem por aí. Quando essas gravações chegaram até mim eu fiquei desesperado. Então, eu convoquei os moradores para que fôssemos ocupar para as pessoas não invadirem nossos apartamentos.” Ao fim da entrevista, Raimundo entrou no gabinete de Severino.

Com investimento total de R$ 71,4 milhões, o condomínio foi erguido com recursos do Estado, por meio do programa Casa Paulista (R$ 16,8 milhões) e da União, pelo Minha Casa, Minha Vida – Entidades (R$ 54,6 milhões). Esse modelo é celebrado pelo poder público diretamente com as entidades habitacionais, no caso o MSTU.

A seleção das famílias beneficiadas com os apartamentos é feita justamente pelo movimento, nesse caso, a entidade do qual Severino é presidente. O parlamentar foi reeleito em outubro como o mais votado da cidade, com 5.547 votos.

A fala de Severino conflita com a própria nota enviada pelo MSTU, que negou qualquer tentativa de ocupação. Segundo a entidade, Severino convocou os integrantes do movimento para “caminhada pacífica com único intuito de protestar e cobrar providências das autoridades para exigir retorno imediato das obras”. 




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