Em seis das sete cidades do Grande ABC (exceto Rio Grande da Serra, que não retornou as informações), não houve registro de caso confirmado de dengue autóctone (contraído no município onde a pessoa reside) de janeiro até a data de ontem.
A doença, causada pelo mosquito Aedes aegypti, teve o auge de ocorrências na região em 2015, quando foram notificados 7.403 casos e sete pessoas morreram. A situação declinou desde então.
Em São Bernardo, de janeiro a março de 2015 foram contabilizados 1.186 casos autóctones. O número caiu para 512 no mesmo período de 2016 e, até o momento, ninguém foi infectado na cidade.
Santo André também observou redução – de 1.377 casos em 2015 para 315 no ano passado. Em 2017, nenhum caso foi registrado.
As prefeituras de São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires informaram que não houve registros de dengue autóctone em 2017, sem quantificar as ocorrências do mesmo período dos dois últimos anos.
A contribuição para a queda brusca está, entre outros fatores, no surto que ocorreu da doença. Existem quatro variações de vírus da dengue, sendo que a predominante no País, quando houve o auge de casos, foi o tipo 1. Os vírus diferem na genética, mas provocam os mesmos sintomas. “Pelo fato de ter havido tantos casos nos anos anteriores, as pessoas que tiveram a infecção produziram anticorpos e, se tem o mesmo vírus circulando, vão ter menos pessoas vulneráveis, porque elas só poderão pegar se for outro vírus (que não o tipo 1), explica o infectologista Jessé Reis.
O especialista ressalta que pode haver, nas próximas semanas, o surgimento de casos que aguardam confirmação. “Os dados dependem de exames laboratoriais e isso pode lentificar as notificações.” Os exames são processados no Instituto Adolfo Lutz da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, com resultado entre 20 e 30 dias.
Apesar disso, não há o risco de surto de dengue neste ano, na visão de Reis. “Daqui para frente começa a ter temperatura mais baixa, menos propensa à criação dos mosquito.” No entanto, o médico deixa um alerta. “As medidas de prevenção não devem mudar ao longo do ano todo, afinal, o Brasil não é tão frio.”
Kits para sorologia da doença são suficientes, diz Estado
Embora o Estado tenha solicitado ao Ministério da Saúde 187 kits para fazer a sorologia dos exames da dengue e ter recebido número inferior – 137 –, a secretaria estadual de Saúde afirmou possuir quantidade necessária para atender a demanda atual. Cada kit faz, em média, 90 testes e é repassado aos municípios mediante solicitação. A Pasta não informou se as cidades do Grande ABC fizeram pedido.
Em 2016, a confirmação de casos de dengue ficou prejudicada na região quando, em 14 de março, comunicado divulgado pela Coordenadoria de Controle de Doenças, da Secretaria de Estado da Saúde, enviado a todos os municípios paulistas, informou que em virtude da contingência de kits para diagnóstico de dengue e a impossibilidade de atender a demanda represada, havia necessidade imediata de se estabelecer critérios para o uso dos kits disponíveis.
À época, ficou estabelecido que as coletas de amostras deveriam ocorrer somente para situações graves, óbitos e casos suspeitos de municípios que ainda estão classificados como silenciosos (na região, apenas Rio Grande da Serra, que não registrou caso de dengue autóctone nos anos de 2015 e 2016). Dessa forma, centenas de testes que haviam sido enviados pelas cidades ficaram represados pelo órgão estadual.
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