O virtuosismo a serviço da sensibilidade e do bom gosto. Em termos simples, assim poderia ser descrito o show que o violonista gaúcho Yamandu Costa realizou ontem à tarde, no espaço Viradouro, durante a programação do 7º FIP (Festival de Inverno de Paranapiacaba).

No repertório, doses generosas de temas instrumentais compostos por ícones da MPB, que foram intercalados por canções próprias.

Logo no início da apresentação – prestigiada por cerca de mil pessoas –, o músico esbanjou técnica e versatilidade, na interpretação de Valsa Nº 1, de Baden Powell.

Sem qualquer sinal de afetação, tocou escalas e harmonias em velocidade impressionante como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Depois de executar o tema Taquito Militar, de Mariano Mores, com andamento veloz, olhou para a platéia com expressão de espanto. “Coisa de louco”, disse Yamandu, com seu característico sotaque gaúcho.

Além do talento musical, o bom humor é outra virtude sua. Em dado momento, foi surpreendido por uma espessa nuvem de gelo seco que veio do equipamento instalado atrás da bateria de Eduardo Ribeiro.

Yamandu virou-se para o baixista Thiago do Espírito Santo – filho do renomado músico Arismar do Espírito Santo – e soltou a piadinha. “Pô,Thiago, você faz isso aqui, na frente de todo mundo”, brincou o violonista.

“Com o Yamandu é sempre um show diferente. Estamos tocando há oito anos e aprendemos muito com ele. Nos ensaios, ele nunca ficou preso ao repertório”, comentou Thiago, após a apresentação em Paranapiacaba.

Outros destaques do show ficaram por conta de Besteira e Meiga, ambas de Yamandu. No bis, ele revisitou o clássico Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros. Extasiado, o público pôde conferir de perto a genialidade do instrumentista.

Toca chorinho com a energia de um Jimi Hendrix, e promove releituras da música popular brasileira com a destreza dos mestres do jazz.