Durante 40 anos, o pedreiro Érico Ferreira, de Sorocaba, viveu com a família errada. Ele descobriu, agora, que foi trocado na maternidade onde nasceu, em Lins, Noroeste do Estado, em 2 de junho de 1966.
O fato, revelado por uma tia, levou-o a fazer exames de DNA e confirmar a revelação. Agora, Érico está em busca da verdadeira família.
“Eu não sou filho daquela que sempre me tratou como mãe”, disse, ao misturar areia, cal e cimento para fazer massa em construção da Vila Tulipa, periferia de Sorocaba.
Ele tinha dois anos quando a família se mudou para Sorocaba. O pai, José Paulino Ferreira, também era pedreiro e morreu nesta época. A família, pobre, passou a ser sustentada pelo irmão mais velho, Airton. “A vida era tão difícil que a gente pegava restos nas feiras.”
Ele jamais suspeitara que podia estar sofrendo com uma família que não era a sua. Em alguns momentos, achou estranho o fato de seus quatro irmãos serem mais morenos. “Eles têm o cabelo preto, duro, diferente do meu, que é liso e claro.” Também achava graça por ser o único da família com olhos verdes claros. “Pensando bem, às vezes eu sentia um vazio muito grande, como se algo em casa não encaixasse”.
O pedreiro que seu suposto pai teria ido à sua casa para propor a destroca, oferecido dinheiro, e que o pai recusou. Érico descobriu cinco mulheres que deram à luz no mesmo dia em que nasceu. Falta localizar algumas. Uma delas é japonesa e ele descartou. Outra foi casada com um suíço e é dona de uma fortuna.
“Só falta, depois da vida difícil, quase miserável que levo, descobrir que sou rico”, diz, brincando. Depois, sério: "O dinheiro não importa. Eu quero saber quem sou, quem são meus pais, se tenho irmãos. Quero a verdade.”
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