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Ecoparque lança trilha
para observação de aves

Respirar ar puro e contemplar animais silvestres em meio à
exuberante natureza são chamarizes de S.Bento do Sapucaí

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
03/11/2011 | 07:00
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Explorar ambiente bucólico, com cheiro de terra molhada e silêncio ensurdecedor, quebrado apenas pelo canto dos pássaros. Ainda que no Brasil o hobby não seja usual, esta é a proposta do birdwatching (observação de aves), bastante apreciado por europeus e norte-americanos. E a prática tende a ganhar adeptos em São Bento do Sapucaí, cidade vizinha de Campos do Jordão, situada a cerca de 200 quilômetros da Capital. O Ecoparque Pesca na Montanha lançou o Projeto Jatayu, que promove a contemplação de pássaros em meio à Serra da Mantiqueira.

A atividade é pioneira nos arredores e começou a ser discutida há apenas dois anos, após um Congresso Internacional de Observação de Aves ter sido realizado na cidade. A partir de então, o interesse pela prática aumentou, inclusive pelo trabalho dos empreendedores do projeto, Adriana Prestes e Flávio Zufellato, que, juntos com a proprietária do parque, Monica Simonsen, proporcionam o encontro diferenciado com a natureza.

Existe a opção de três trilhas, sempre guiadas por um especialista em aves. Durante o trajeto - que deve ser feito logo cedo (leia-se às 6h) ou no fim da tarde, quando os pássaros saem em busca de alimentos -, os turistas se depararão com placas informando sobre algumas espécies e também aprenderão a necessidade da preservação ambiental para a sobrevivência das aves.

Dá para avistar pássaros raros como o papagaio-de-peito-roxo e gralhas, animais que não transitam em outros biomas. "Só é possível ver pássaros que estão a 1.500 metros de altitude em Campos e no Itatiaia. A diferença é que aqui chegamos de carro no início da trilha e lá tem de subir uma serra enorme para visualizar as aves", ressalta Flávio. Sua meta, assim como a dos outros profissionais envolvidos, é atrair cada vez mais turistas para disseminar a importância da preservação ambiental.

As aves que são apreendidas pelo Ibama - por conta de tráfico ou por estarem machucadas -, após passarem por período de reabilitação, também são soltas no local para voltarem à natureza. Flávio, que é especialista em aves de rapina, recebe diversas espécies nessa situação. "Para recuperar um gavião, levo, em média, seis meses. É gratificante ajudá-los."

 

CONTEMPLAÇÃO

Em uma tarde é possível apreciar, em média, 30 tipos de aves no local. Em tempo:estes últimos meses do ano são os mais propícios para o birdwatching porque é quando as aves estão em período de acasalamento e os machos querem se mostrar para as fêmeas. Saidinhos, voam para todos os lados.

A prática de observação não é restrita apenas à trilha. Também são feitos workshops, palestras, cursos de fotografia de pássaros e educação para preservação. Inclusive há no Ecoparque uma exposição do fotógrafo Thiago Carneiro, que captou a imagem das espécies que vivem no local. Os cursos podem ser em inglês, desde que sejam pré-agendados.

Aos que se inscreverem, são oferecidas apostilas, binóculos, bloco de anotações e folheto com as fotos das aves que podem ser observadas. É cobrada taxa de R$ 60 por pessoa e o grupo pode ter, no máximo, seis pessoas.

Para grupos agendados, os preços partem de R$ 480. O fim de semana também pode ser estendido (já que no local há pousada). Duas diárias com café da manhã, quatro refeições e comidas à parte custam R$ 940 por pessoa. Casais têm 10% de desconto.

 

INVESTIMNETO

Os europeus são tão apaixonados por pássaros que no continente estão as maiores organizações de conservação da natureza do mundo. Uma delas é a Royal Society for de Protection of Birds, na Inglaterra. A unidade tem 1,5 milhão de associados.

Mesmo em futuro distante, é possível fazer no Brasil movimento semelhante. Além de São Bento do Sapucaí, outras cidades do País avançaram em relação à preservação ambiental e promovem o birdwatching.

No Litoral Norte do Paraná, por exemplo, existe a chamada Rota das Aves, na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. No roteiro, além das aves, dá para apreciar vários tipos de vegetação (estuários, manguezais, restingas e florestas). Durante as estações mais quentes do ano, aves migratórias podem ser vistas já em razão do inverno na América do Norte.

Um pouco mais ao Norte, no Planalto da Bodoquena (Pantanal mato-grossense), existem mais de 400 espécies de aves para contemplação. Delas, 181 estavam na Estância Mimosa e 194 no Rio Prata, ambos inseridos na Bodoquena. Por isso, foram feitos roteiros de birdwatching nos dois locais, já que existe interesse grande pela prática por parte dos turistas.

 

ARCO E FLECHA

A observação de pássaros não é a única possibilidade do Ecoparque para contemplação e intimidade com a natureza. Também foi lançado no local o arco e flecha com GPS, misto de esporte e aventura.

A ideia foi de Caio Marcondes, arqueiro com mais de 20 anos de experiência. "Percebi que havia aqui (ecoparque) um espaço maravilhoso para desenvolver o esporte. É também opção de contato direto com a natureza", ressalta. Trata-se de uma prática democrática já que atende a pessoas de 12 a 80 anos. Além disso, é muito bom porque dá a sensação de tranquilidade a quem o pratica: é um esporte zen.

O projeto é dividido em três níveis: o ocasional, day use e o workshop aos fins de semana. No primeiro caso, é dado treinamento e bateria de 12 flechas para exercitar atenção, coordenação, postura e noções básicas de como atirar a flecha. Custa R$ 14. É ideal para pessoas com deficiência, já que há espaço para cadeira de rodas.

No day use, tem explicação do esporte, treinamento de movimentos básicos, almoço, saída a campo com 14 alvos no bosque e distribuição de apostilas, tudo ao custo de R$ 280 por pessoa. É aí que entra a novidade, o GPS, que auxilia os praticantes a encontrarem os alvos, dispostos em locais escondidos. O arqueiro se aproxima mais da natureza.

No terceiro nível trabalha-se com mais minúcia a prática, com técnicas de respiração, puxada, postura, debates e sessão de tira-dúvidas. Inclui hospedagem e alimentação e custa R$ 688 por pessoa.

Todos oferecem o material necessário para as aulas, que deve ser devolvido ao final de cada uma delas.

Criada há milhares de anos, a prática de arco e flecha ainda não é de domínio geral. "Cerca de 90% das pessoas não conhecem a importância da postura e da respiração", afirma Caio Marcondes.

A modalidade surgiu inicialmente para a caça. Depois, passou a servir para defesa e expansão territorial. E ganhou força na fase romântica da história, como mostra no filme Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões. O primeiro torneio ocorreu apenas em 1879. E em 1908 o esporte foi inserido nos Jogos Olímpicos da Inglaterra.

 

A jornalista viajou a convite do Ecoparque Pesca na Montanha

 

 

 




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