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Orgulho e desafio de ser bombeira
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
08/03/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC:


Desde que foram incorporadas ao Corpo de Bombeiros como forma de suprir a falta de efetivo, há 84 anos, as mulheres buscam seu espaço na corporação. Embora tenham adquirido direitos e desempenhem as mesmas tarefas que os homens, as heroínas representam apenas 5% do efetivo total do 8º GB (Grupamento de Bombeiros), responsável pelo Grande ABC. No Dia Internacional da Mulher, bombeiras da região ressaltam que além de coragem, preparo físico e conhecimento, o trabalho, que tem como eixo a vontade de ajudar o próximo, também exige superação de preconceitos.

“A gente costuma dizer que precisa matar um leão por dia. Infelizmente vivemos em uma sociedade machista e, como em toda profissão, sofremos por ser mulher. Sinto que os homens não são tão questionados e não precisam provar que são bons a todo instante para obter respeito”, considera a primeiro-tenente e comandante interina do 1º Subgrupamento de Bombeiros, responsável por Santo André e São Caetano, Cáthia Letícia Amaral, 33 anos.

Com 15 anos de profissão, a integrante de família de bombeiros (o pai é coronel aposentado e a irmã, bombeira no Interior do Estado) acredita que, embora estejam conquistando espaço na corporação, as mulheres merecem mais. “A gente não quer tomar o lugar de ninguém. Queremos igualdade. Não adianta falar que temos a mesma força dos homens, mas vamos executar o mesmo trabalho”, destaca Cáthia.

A posição de chefia também é encarada como desafio pela primeiro-tenente. Além da responsabilidade de gerenciar o efetivo, as viaturas e o serviço operacional nas duas cidades onde atua, é preciso saber se impor, apesar de sua estrutura aparentemente frágil. “Acredito que para os homens dói mais ter sua atenção chamada por mulheres. Mas uma coisa que sempre aprendi com meu pai é comandar pelo exemplo e não pelo grito. A melhor forma de se impor é pelo respeito”, acredita.

Conciliar a dupla jornada é outra dificuldade das bombeiras. Isso explica o fato de que muitas delas são casadas com companheiros de corporação, caso da primeiro-sargento Kath Morettin, 44. “Acaba sendo mais fácil, porque ele entende minha rotina”, explica a profissional, que atua em escala de 24 horas por 48 horas (trabalha um dia e folga dois).

Uma necessidade é contar com suporte de profissional que tome conta da casa e dos três filhos (com 22, 14 e 6 anos), confessa Kath. “Enquanto estou trabalhando, não posso ligar para saber como estão nem ficar preocupada. Minha cabeça tem de estar 100% na ocorrência”, explica. Abrir mão de momentos em família é algo comum, lamenta. “Durante o treinamento para ser sargento a gente estuda seis meses em período integral e, depois, a especialização é feita em Franco da Rocha por mais seis meses longe da família. Exige sacrifício, mas vale a pena”, diz.

O olhar feminino dentro do Corpo de Bombeiros é mais que um direito, é necessário, na avaliação de Kath. “Temos mais delicadeza e mais paciência, o que ajuda a lidar com as vítimas. Conseguimos nos integrar perfeitamente ao trabalho dominado por homens. Também somos capazes de carregar maca, vestir o EPI (Equipamento de Proteção Individual, que pesa em média 20 quilos) e operar ferramentas pesadas. O trabalho do bombeiro é em conjunto, o que facilita a adaptação”, ressalta.




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