Internacional Titulo
Aumenta o consumo de drogas lícitas
19/03/2004 | 01:02
Compartilhar notícia


  Relatório divulgado nesta quinta pela OMS (Organização Mundial de Saúde) alerta para o fato de que o consumo mundial do álcool, do tabaco e outras substâncias lícitas aumenta rapidamente, o que contribuiu para a carga de doenças em todo o mundo. Em 2000, o tabaco contribuiu com 4,1% e o álcool, com 4% para a carga de doenças. Índice menor do que o registrado por substâncias ilícitas, que foi de 0,8%.

O estudo também aponta a necessidade de se reduzir o preconceito contra a dependência química. Ao mesmo tempo, a organização enfatiza a urgência em garantir o acesso ao tratamento para pacientes. “Isso tem de ser considerado um direito, não um privilégio”, afirmou a diretora-assistente de doenças não-transmissíveis e saúde mental da OMS, Catherine Le Galès-Camus, que lançou o documento no país.

Intitulado Neurociências: Consumo e Dependência de Substâncias Psico-ativas, o relatório apresenta trabalhos científicos sobre os mecanismos da dependência e terapias usadas para controlar a doença. “A farmacodependência é um transtorno crônico, recorrente, com base biológica e genética, e não uma simples falta de vontade ou de desejo de se libertar”, afirma o texto.

 Com base nos estudos, o relatório mostra que a dependência está muito mais relacionada ao funcionamento do cérebro do que outras doenças neurológicas e psiquiátricas.

O trabalho, porém, ressalta a influência preponderante de fatores ambientais e psicológicos. “O tratamento não pode ser simplista. Ele não deve ter como único objetivo o abandono do consumo, mas também ofertar terapias comportamentais e mecanismos de integração social”, afirmou a assessora regional sobre abuso do álcool e outras drogas da OMS, Maristela Monteiro. “A medida garante não só a saúde dos indivíduos afetados mas também de suas famílias, reduzindo os custos para toda a sociedade.”

O relatório da OMS também chama a atenção para aspectos éticos da pesquisa e tratamento da dependência. Entre os alertas está o fato de que recomendações para ensaios clínicos feitos por companhias farmacêuticas até hoje não foram colocadas em prática, como o controle independente do estudo, principalmente no que se refere à comunicação de efeitos adversos provocados pelas drogas em teste.

No Brasil, o destaque fica para o álcool. Embora o consumo anual seja menor do que o registrado em países ricos, aqui o perfil de consumo é diferente. Maristela conta que no país há uma tendência ao consumo excessivo, concentrado em alguns dias da semana, o que aumenta o risco de intoxicação. Tanto é que, no padrão de risco de consumo da bebida, com escala que vai de 1 a 4, o Brasil apresenta o índice de 3,5. “Quanto maior o consumo agudo, maior o risco de acidentes de trânsito, de violência doméstica, de violência contra a criança”, afirma.

A média anual de consumo no Brasil é de 10 a 11 litros. Valor equivalente ao da França. “Mas os problemas relacionados ao abuso do álcool são muito superiores no Brasil.” Maristela lembra, ainda, que as estatísticas no país não são de todo confiáveis. Acredita-se que o consumo de bebida seja até 40% superior ao que é informado. “Temos no Brasil um mercado informal importante”, completa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;