Tradicionalmente no Brasil, o consumo de asfalto costuma crescer em anos eleitorais. Surpreendentemente, entretanto, 2009 promete bater recorde, com a venda de 2,21 milhões de toneladas. No ano passado, em que houve as eleições municipais, foram comercializados 2,17 milhões de toneladas.

As informações são parte do levantamento Estudo da Cadeia Produtiva do Asfalto: Diagnóstico de Problemas e Proposições de Aprimoramento, realizado pela consultoria LCA a pedido do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

O que pode justificar o aumento da demanda são as obras de melhoria e ampliação da infraestrutura no País. Um bom exemplo na região é a construção do Trecho Sul do Rodoanel, que passará por São Bernardo e Mauá, e tem prazo de conclusão das obras em fevereiro de 2010. Há também a privatização da Rodovia Fernão Dias, que tem exigido recapeamento da via e a construção de pedágios. "Somente o Estado de São Paulo vai consumir 30% de asfalto a mais neste ano", afirmou Manuel Rossito, diretor do Deconcic.

As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) igualmente demandam o insumo, seja para programas de pavimentação de pequenas estradas ou para a construção de hidrelétricas. Segundo Rossito, 90% do consumo deste ano será destinado a rodovias.

Indiretamente, no entanto, embora não estejam ocorrendo em ano eleitoral, essas medidas têm fundo eleitoreiro, já que no ano que vem se inicia a corrida para a disputa presidencial. Para 2010 está previsto um consumo recorde de asfalto: 2,54 milhões de toneladas.

PROBLEMA - O estudo foi iniciado em 2008 porque o departamento da Fiesp percebeu que haveria problema com o abastecimento de asfalto, com o preço e com a qualidade. "O problema são as vias para o asfalto, e não o asfalto", ressaltou José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da entidade.

Lima referiu-se ao fato de que a questão não é a capacidade de produção da Petrobras - que monopoliza o custo do produto por ser a única fabricante -, mas à falta de investimento.

"Existem problemas de logística, por exemplo. A Petrobras precisaria carregar e descarregar mais rápido, as transportadoras teriam de investir em meios de transporte e as construtoras deveriam ter capacidade de reserva, pois algumas viagens seriam economizadas. O transporte é muito caro", lembrou Rossito.

Ele afirmou que embora haja refinarias em todo o Brasil, no Estado de São Paulo uma viagem da matéria-prima leva um dia e meio. No Acre, por exemplo, são feitas apenas duas viagens por mês.

E sua preocupação é que em agosto, mês de pico das vendas de asfalto, haja problemas na distribuição. No ano passado, a Petrobras colocou em reforma as principais refinarias, e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), entrou em greve.

"O setor carece de planejamento. Definitivamente esses problemas não são reflexos da crise", finalizou o diretor do Deconcic.