Economia Titulo Preços
Mês terá inflação
próxima a zero

Explicação é que desaceleração econômica é desinflacionaria;
economia morna no entanto, pode gerar resultados prejudiciais

Pedro Souza
Diário do Grande ABC
23/06/2012 | 06:21
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Desta vez a previsão do mercado financeiro é de que a inflação de junho e julho fique na casa do 0,2% ao mês. Mas o economista chefe do BB-DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.), que é a empresa gestora de recursos do Banco do Brasil, Marcelo Gusmão Arnosti, vai além e prevê que a inflação será zero, ou quase nula. Para ele, a explicação clara é a desaceleração da atividade econômica. Se confirmada a expectativa, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingirá patamar igual ao de 2010, quando junho teve 0,01% de inflação e julho apresentou estabilidade sobre o mês anterior.

Os especialistas e analistas do mercado financeiro acreditam neste cenário principalmente pelo soco desinflacionário que a desaceleração da atividade econômica nacional deu na economia. Previsões para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano estão cada vez mais baixa.

Se por um lado as projeções mostram que as famílias terão inflação próxima à estabilidade, bem diferente ao que boa parte da população já viu antes do Plano Real, que entrou em vigor em 1994 para segurar os preços que superavam os 20% ao mês, por outro a economia morna pode gerar resultados prejudiciais, como menor geração de empregos e, possivelmente, elevação nas taxas de desemprego.

A situação está próxima ao que ocorreu em 2010, quando o governo utilizava ferramentas para aumentar o consumo, como maior oferta de crédito, e conter os abalos da crise financeira mundial que começou em 2009. Atualmente, o Ministério da Fazenda tem anunciado várias reduções em tributos, o Banco Central diminui a taxa básica de juros e bancos públicos afirmam que reduziram os custos dos seu créditos.

Professor de Política Econômica da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), José Nicolau Pompeo apresentou mais alguns fatores que, na sua opinião, deverão contribuir para que a inflação não avance tanto nos dois meses. "Temos primeiramente certo aumento na oferta (produtos e serviços). Por outro lado, as commodities estão em baixa (de preços). E o desaquecimento da economia completa a tendência."

Vladimir Sipriano Camilo, professor de Macroeconomia e História do Pensamento econômico da FSA (Fundação Santo André) concorda que a atividade econômica mais fraca segura os avanço dos preços. Mas ele não vê tantos problemas aos consumidores nesse cenário. "O que realmente está pesando é o endividamento das famílias. Isso sim que está pegando", destacou. Segundo o BC, março teve o maior índice da história de endividamento. Em relação à renda acumulada nos últimos 12 meses, as dívidas representavam 42,95%.

PASSADO - Desta vez a luta do governo está no sentido inverso. Enquanto há 45 anos o País presenciou inflação de, aproximadamente, 100% ao ano e foi necessário a criação do Paeg  (Plano de Ação Econômica do Governo) para controlar os preços, ou as mudanças de moedas junto a vários outros planos econômicos com as mesmas funções, hoje a ideia é aumentar o consumo, o que em cenário de economia aquecida resultaria em expansão da inflação.




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