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Líder do MST faz ato de desagravo a José Dirceu
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04/09/2005 | 09:21
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O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) José Rainha Júnior realizou sábado um ato de desagravo ao ex-ministro José Dirceu, envolvido nas denúncias de formação de caixa 2 no PT, e rachou o movimento numa das regiões mais emblemáticas da luta pela terra no Brasil. À revelia das direções estadual e nacional, Rainha reuniu 1.200 militantes no Pontal do Paranapanema e anunciou uma jornada de invasões para "fazer tremer o latifúndio". As ações vão ocorrer no período de 26 a 30 deste mês e não se restringirão ao Pontal.

Rainha defendeu, em carta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o engajamento do povo na luta em defesa do governo. "Saiba que você não está só, que estamos alertas e em luta constante para defendê-lo", diz a carta, referindo-se a Lula. Outras lideranças do movimento disseram que as posições de Rainha não refletem necessariamente a do MST.

Em um palco montado no assentamento São Bento, em Mirante do Paranapanema, formado a partir da primeira invasão do MST em São Paulo, Rainha leu uma carta aberta transmitindo ao "companheiro de lutas, deputado Zé Dirceu, a profunda solidariedade dos assentados e acampados do MST". "Os que não têm hoje respeito por você e querem cassar o seu mandato são os mesmos que sábado estavam à sua caça para colocá-lo nos porões de tortura". Aclamado pelos sem-terra que lotavam um galpão, o líder pode ser punido pela direção nacional do movimento.

Na mesmo momento do ato, os dirigentes do MST estavam reunidos em Ribeirão Preto justamente para definir uma posição sobre a crise do governo. "O Rainha se antecipou, assumiu uma posição que não é exatamente a do movimento e pode ser expulso", disse uma liderança que pediu para não ser identificada. Em entrevista, Rainha disse que se dedicará a reorganizar as massas, pois é o seu papel. Rainha negou que exista o racha, mas admitiu uma diferença de métodos, entre lideranças do movimento. "Se o MST quer fazer a reforma agrária, precisa mobilizar gente."

Ele contou com o apoio da Associação dos Municípios com assentamentos da reforma agrária no Pontal para reunir os militantes. A vinculação com as Prefeituras desagradou ao MST. Líderes nacionais pediram ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e ao deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) que demovessem Rainha do encontro. O líder disse que soube disso pelo próprio Greenhalgh.

De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Agrário de Mirante Itamar Cavalcante, que também participa do movimento, o racha está acontecendo em todo o Brasil. "Os líderes do Nordeste que pensam como o José Rainha não aceitam a hegemonia do pessoal do Sul na direção do movimento."




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