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Derrotas deixam PT sem nome natural para 2020

Reveses e crise impactam na construção de alternativas; dos sete últimos prefeituráveis, dois se desfiliaram e um está preso

Por Fabio Martins
18/11/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Diante das derrotas eleitorais majoritárias do PT em 2016 e em 2018 e carente de empreitadas proporcionais contundentes neste período, o partido no Grande ABC, considerado berço da sigla, ficou sem nomes naturais para a disputa em 2020. Os reveses e crise interna resultaram no cenário desfavorável.

Dos sete prefeituráveis do último pleito municipal, dois se desfiliaram – Donisete Braga, de Mauá, e Claudinho da Geladeira, de Rio Grande da Serra –, e Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, candidato em Diadema, está detido, acusado de tentativa de homicídio a empresário no dia da decretação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A condição de Lula, aliás, após condenação em segunda instância no caso do apartamento do Guarujá a 12 anos e um mês de prisão, é outro ponto de desgaste, o que também teria afetado no páreo de outubro, com o resultado negativo de Fernando Haddad depois de quatro êxitos consecutivos ao Planalto. Neste panorama, há dois anos, o PT não elegeu prefeito no Grande ABC pela primeira vez na história, já dentro do contexto da onda azul, que varreu o partido na Região Metropolitana, o chamado cinturão vermelho. Na ocasião, eram três prefeituras nas mãos da legenda: Santo André, São Bernardo e Mauá.

O petismo tinha o comando de nove dos 39 municípios da Grande São Paulo, entre eles, além de cidades-chave da região, a própria Capital, Guarulhos e Osasco. Agora, na esteira do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e dos desdobramentos da Operação Lava Jato, possui apenas um: Franco da Rocha. Na seara estadual, são apenas oito cidades no total. Antes, a sigla controlava 72. Atualmente, as três maiores prefeituras geridas pela legenda são Araraquara, Cosmópolis e Franco da Rocha.

Mesmo em São Bernardo, onde o PT teve dois mandatos consecutivos entre 2009 e 2016 com Luiz Marinho, o próprio ex-prefeito não é quadro certo na próxima disputa. Presidente paulista da sigla, o petista foi candidato a governador de São Paulo em outubro e, sem protagonizar a concorrência ao Estado – vencido pela sétima vez subsequente pelo PSDB –, ficou na quarta colocação ao obter 12,66% dos votos. O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, reeleito para o segundo mandato, é figura ventilada nos bastidores para encabeçar a chapa.

Em Santo André, o nome do ex-prefeito e coordenador da Macro PT ABC, Carlos Grana, é um dos cotados, mas não é consenso – principalmente devido à forma de sua derrota em 2016 –, assim como o deputado estadual Luiz Turco, que não conseguiu a reeleição, e o vereador Eduardo Leite, pleiteante, sem sucesso, a uma vaga na Câmara Federal. O panorama é de indefinição. Não existe favoritismo. Há quem aposte na possibilidade, embora mais remota, de duas mulheres, lembradas pela militância, brigarem pelo posto: a ex-ministra Miriam Belchior e a ex-vice-prefeita Ivete Garcia.

Presidente do PT andreense por dois mandatos, o ex-vereador Tiago Nogueira reconheceu panorama adverso local. Segundo ele, o nome do candidato “precisará ser construído” em 2019. “Hoje não existe nome natural. Temos que construir em torno de programa.”

O ex-prefeito José de Filippi Júnior, de Diadema, era tido como esperança petista para retomar as chaves do Paço – a sigla geriu a cidade em seis ocasiões –, após dois desastres partidários em sequência para Lauro Michels (PV). Contudo, o saldo de outubro, quando ele recebeu 43,3 mil, ligou sinal de alerta. Vice-prefeito e candidato do governo a estadual, Márcio da Farmácia (Podemos) registrou 44,9 mil.

Três vezes prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, candidato a estadual em outubro, era apontado como provável prefeiturável. Porém, obteve 20,9 mil votos e, de quebra, teve registro rejeitado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Único vereador do PT local, Marcelo Oliveira é citado entre possíveis opções, bem como o ex-vice-prefeito Helcio Silva. “Ainda está cedo para o debate. Provavelmente, em janeiro, iniciaremos as discussões. Por isso, no momento, o partido não tem um nome”, disse Marcelo.

(Colaborou Daniel Tossato)




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