Cultura & Lazer Titulo Cinema
Esquadrão após era Bush

Série clássica dos anos 1980 volta no cinema; na versão
atual, Guerra do Vietnã é substituída pela Guerra do Iraque

11/06/2010 | 07:00
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Durante quatro anos, entre 1983 e 1987, "Esquadrão Classe A" foi a série mais popular produzida pela rede norte-americana NBC - única a se estabelecer no ranking dos 20 programas mais assistidos nos Estados Unidos, na época. É curioso que isso ocorresse justamente quando Ronald Reagan, na presidência, redesenhava a economia e a geopolítica, acompanhado por Hollywood. Lembrem-se que, sob o impulso da ‘reaganmania', Sylvester Stallone venceu, na ficção, em "Rambo 2 - A Missão", a Guerra do Vietnã, que a ‘América' havia perdido na realidade.

A Guerra do Vietnã fornecia o fundo da série - na versão cinematográfica que estreia hoje, é substituída pela do Iraque, mas a linha geral da história não muda muito. O esquadrão liderado por John ‘Hannibal' Smith, isto é, Liam Neeson, é cooptado para uma missão secreta. Deve recuperar placas de emissão de dinheiro roubadas de um banco em Bagdá. O crime, os integrantes do grupo vão saber mais tarde, foi praticado por integrantes da cúpula do exército e da CIA. Mesmo desmascarando e punindo os culpados, Hannibal Smith e seus amigos - Templeton ‘Faceman' Peck, B. A. Baracus e H. M. ‘Howling Mad' Murdock - são forçados a fugir e a viver na clandestinidade. Viram soldiers of fortune, isso é, mercenários.

Cultivar mercenários numa época em que a política e a economia pareciam normalizadas, após a crise das instituições norte-americanas que marcou os anos de Watergate, talvez diga alguma coisa - subversiva - sobre a tal ‘normalidade'.

Nos Estados Unidos pós-George W. Bush, não há dúvida de que qualquer história que sugira corrupção ou coloque em dúvida a lisura das instituições tem respaldo no gosto do público. O diretor Joe Carnahan sabe disso e tira proveito. Só não precisava ser tão cínico nem violento.

Talvez, para usufruir de "Esquadrão Classe A", o espectador deva ter alguma familiaridade com a série antiga. Existem momentos cifrados, com referências aos antigos integrantes e um deles, Mister T, veio a público desautorizar a nova versão, que considerou muito explícita. O show antigo, segundo ele, era um espetáculo mais familiar. Não era tanto, vale lembrar. O conceito é velho - o norte-americano como ‘o cara'. A roupagem é que muda.




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