Cultura & Lazer Titulo Caterpillar
Vem do Japão o filme mais bizarro da Berlinale
16/02/2010 | 07:53
Compartilhar notícia


Veio do Japão, no domingo à noite, o filme mais estranho não apenas desta Berlinale, mas do cinema nos últimos tempos: Caterpillar. O japonês Koji Wakamatsu já havia feito sensação, anos atrás, com United Red Army, sobre terrorismo.

Seu novo filme passa-se durante a Segunda Guerra e é como se Johnny Vai à Guerra, de Dalton Trumbo, se misturasse com Encaixotando Helena, de Jennifer Lynch, ou mais ainda, O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima.

Logo no começo, o exército imperial entrega a uma mulher seu marido. Ele perdeu braços e pernas e ficou com metade do rosto dissolvida pelo fogo. A mulher desespera-se, mas há uma cobrança da família e de toda a comunidade. O marido é um herói, ganhou medalhas, o imperador se orgulha dele. E começa o inferno. O marido quer - exige - sexo. São cenas bizarras, o tronco que faz sexo (e em diferentes posições). Mas o deus da guerra, como é chamado, é atormentado por lembranças. Ele não era exatamente um bom marido (batia na mulher), também não foi exatamente um herói (abusava das mulheres, estuprava todas que via pela frente).

A mulher, levada ao limite, explode. Ela bate no marido, humilha-o de diferentes formas. Wakamatsu filma a dor e o sofrimento, mas também busca analogias entre o seu soldado e a situação geral do Japão. O que acontece quando a arrogância e a violência voltam-se contra as pessoas.

Caterpillar, num certo sentido, está sendo a experiência mais radical da Berlinale de 2010, o que não significa, necessariamente, que seja o melhor filme até agora (por enquanto, é o romeno, If I Whant to Whistle, I Whistle).

Será difícil ao júri deixar de levá-lo em conta na premiação, ainda com a personalidade obsessiva do seu presidente, Werner Herzog.

Das Rauber (The Robber, O Ladrão), de Benjamin Heisenberg, foi o primeiro longa alemão da competição. Passou ontem de manhã. O filme começa numa cadeia - são vários os filmes desta Berlinale que se passam numa penitenciária ou usam a prisão como metáfora do mundo.

O protagonista corre no pátio, corre na cela. Solto, participa de uma maratona (e vence). Vira herói na Áustria. Mas assim como precisa correr, Johann (Andreas Lust) é movido a adrenalina. Ele volta à vida de ladrão de bancos, é caçado pela polícia. E corre, mais ainda.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;