Economia Titulo Balança comercial
Importações crescem em ritmo menor que as exportações

Movimento tem relação com esfriamento da demanda, dizem industriais

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
11/12/2011 | 07:00
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As importações do Grande ABC somaram US$ 5 bilhões de janeiro a novembro deste ano, o que significou crescimento de 20% frente a igual período do ano passado. Foi menos do que a expansão registrada pelas exportações das empresas da região, que cresceram 29%. Os dados são do levantamento feito pelo Diário, com base em números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Para representantes do setor industrial, o ritmo menor de compras de produtos do Exterior pode ser creditado, em parte, à desaceleração na demanda interna e, mais recentemente, à pequena apreciação do dólar frente ao real (embora a moeda brasileira permaneça valorizada).

Parte expressiva dos itens adquiridos pelas companhias dos sete municípios são de bens intermediários (componentes e matérias-primas) para o processo produtivo das indústrias, principalmente da área automotiva, como, por exemplo, autopeças, pneus etc. No caso de São Bernardo, mais de 60% das compras são relacionadas a itens para a produção. Em Mauá, o índice sobe para 80%.

O empresário Celso Cestari, que tem fábrica de autopeças nessa última cidade, afirma que a ligeira melhora do câmbio - o dólar havia chegado a R$ 1,60 no meio do ano, agora gira em R$ 1,80 - não chegou a ajudar, já que o mercado interno no segundo semestre vem em baixa tanto no que se refere às encomendas das montadoras quanto aos pedidos do segmento de reposição (lojas e oficinas).

O setor de autopeças é uma das atividades fortemente prejudicadas pela perda de espaço para os itens importados, entre outros fatores, por causa do real valorizado. Atualmente o segmento registra saldo comercial (diferença entre exportações e importações) negativo de US$ 4 bilhões de janeiro a outubro, 29,35% superior ao de igual período de 2010. Em outubro, especificamente, os embarques somaram US$ 946 milhões, enquanto as importações totalizaram US$ 1,4 bilhão.

EXPORTAÇÕES - A recuperação de mercados na América Latina, como Argentina, México e Chile, foi fator importante para o aumento das vendas do Grande ABC ao Exterior. A região deve superar neste ano patamar de exportações de 2008, quando os sete municípios exportaram US$ 6,9 bilhões.

"Com a crise em 2009, caímos para US$ 4,6 bilhões. Já em 2010, tivemos a recuperação do mercado interno, mas também das exportações, que somaram US$ 6,1 bilhões", afirma o economista Dalmir Ribeiro, diretor do Departamento de Indicadores Socioeconômicos da Prefeitura de Santo André. Neste ano, até outubro, já são US$ 6,4 bilhões. A expectativa do economista é de que a receita obtida com as encomendas a outros países chegue a US$ 7,4 bilhões.

Além de caminhões, chassis de ônibus e automóveis, que lideram a pauta das exportações, a região também tem fortes encomendas de resinas termoplásticas, produzidas pelo Polo Petroquímico. Esses itens têm sido beneficiados pela alta dos preços de commodities (produtos básicos com cotação no mercado internacional).

Crise na Europa gera receios nas empresas

A crise na Europa deixa incertezas em relação à situação tanto das exportações quanto das importações do Grande ABC. Uma das preocupações diz respeito a eventual resfriamento das economias europeias, que pode gerar mais interesse de países como a China em voltar atenções para o Brasil.

Atualmente, o país asiático já ocupa as primeiras colocações no ranking das origens dos produtos que chegam à região. Na lista de São Bernardo, por exemplo, está em quinto lugar, na de Santo André, ocupa a quarta posição e, na de São Caetano, o terceiro posto. Perde, por enquanto, para países como Estados Unidos e a Alemanha.

Para Donizete Duarte da Silva, que é diretor adjunto da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Diadema, o temor se justifica, por causa da falta de ações mais efetivas do governo federal para melhorar a competitividade da indústria.

Ele avalia ainda que medidas para estimular o consumo - como a redução do Imposto sobre Operações Financeiras nas compras a prazo e queda do Imposto sobre Produtos Industrializados da linha branca - transforma o País em alvo ainda mais atraente para os importadores, em meio à alta carga tributária, burocracia e falta de infraestrutura.

O economista Dalmir Ribeiro é mais otimista. Ele avalia que, com o acordo dos países da zona do Euro, para o pagamento mais facilitado de dívidas da Grécia, com desconto de 50% sobre o preço de face dos títulos gregos, o cenário está mais bem resolvido. Para ele, 2012 será favorável às exportações brasileiras.

 

 




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