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Alta do diesel eleva custo do transporte

Estimativa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística aponta que o frete subirá 2,30%

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/05/2008 | 07:01
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O reajuste de 15% no diesel nas refinarias, fixado pela Petrobras e que entrou em vigor ontem, vai elevar os custos das transportadoras, em média, em 2,30% no País, segundo estimativa feita pela NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística).

O coordenador técnico da NTC&Logística, Neuto Gonçalves dos Reis, projeta ainda que a alta, acrescida a outros fatores (dissídio salarial em maio e uma defasagem no valor do frete calculada em 11%) poderá representar uma elevação de preços, em alguns produtos, de até 8%.

Para a elevação de 2,30% por conta da alta no diesel, a associação toma como base o transporte de cargas completas em distância média (800 quilômetros). Nas distâncias mais longas (6.000 quilômetros), o impacto é maior, 3,23%.

A entidade usa ainda como referência um aumento de 10% no preço final. O Ministério do Planejamento havia estimado um reflexo de 8,8% na bomba, por conta da redução praticada no Cide (imposto que incide sobre os combustíveis) de R$ 0,07 para R$ 0,03 o litro. No entanto, esse percentual estaria subestimado, devido a outros impostos e despesas.

Reis afirma, por sua vez, que os 11% de defasagem no frete já começa a ser repassado pelas empresas de transporte fracionado (de encomendas, que fazem operação de coleta), e as de lotação (carga completa) pressionam para ter o mesmo percentual de alta.

Para transportadores autônomos, a situação é difícil, em conseqüência das margens de lucro achatadas. O caminhoneiro Osmar de Arruda afirma que trabalha praticamente para pagar o preço do óleo diesel. "Do jeito que está, daqui uns dias, vai ter greve", prevê.

NA REGIÃO
Diversos postos do Grande ABC já repassaram ontem nas bombas de combustível a alta anunciada pela Petrobras. "Nossa margem de lucro é pequena, repassamos imediatamente", disse Fernando Dias Mendes, proprietário do Posto Oriente, de São Bernardo, que elevou em 8,1%, de R$ 1,84 para R$ 1,99.

Em outro estabelecimento, o Posto Cabeça Branca, de Santo André, o produto subiu de R$ 1,879 para R$ 2,049, aumento de 9%. O gerente, Luis Adolfo, também afirma que as margens são apertadas. "Tem muito calote, muita inadimplência", disse.

Governo promete punir posto que aumentar preço da gasolina

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, garantiu ontem que o preço da gasolina não subirá para os consumidores finais.

Ele afirmou que o governo fiscalizará o comércio de gasolina e que eventuais "punições serão estabelecidas, de acordo com a lei".

"O consumidor não pagará mais caro. O governo já decidiu compensar o aumento da gasolina (de 10% na refinaria) com a redução da Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico), que caiu de R$ 0,28 para R$ 0,18 o litro.

No caso do óleo diesel, a diferença a ser paga (pelos consumidores) é pequena em relação ao aumento do preço do petróleo", acrescentou Lobão.

No entanto, o controle dos preços, porém, pode não ser tão simples. O consultor Adriano Pires, diretor do Cbie (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), lembrou que o governo não tem como punir postos de combustíveis que venham a aumentar o preço da gasolina, uma vez que esse mercado é livre.

"O governo só controla o preço praticado pela Petrobras", disse Pires. Segundo ele, a única ação que o governo pode tomar é a de investigar e punir eventuais suspeitas de formação de cartel na venda do combustível no varejo.

Derivados de petróleo influenciam o álcool

Proprietários de postos de combustíveis da região afirmam que, além da alta no diesel, tem havido uma sinalização de elevações também no álcool (de R$ 0,10 ou 4%) e até mesmo na gasolina (R$ 0,02, ou 0,08%).

"Vamos esperar a segunda-feira, mas há uma preocupação de que esses aumentos ocorram. A Cide baixou mas não sabemos como as distribuidoras vão agir", disse o presidente do Regran, José Antonio Gonzales Garcia.

Alguns empresários do segmento afirmam que, no caso do álcool, já houve reajuste nos custos. "Já subiu R$ 0,10, mas ainda não repassei", disse Fernando Dias Mendes, do Posto Oriente, de São Bernardo.

Também já recebeu tabela nova para esse combustível o Auto Posto Leandrini, de São Caetano. O incremento, nesse caso, foi de R$ 0,06. "Devemos aumentar nos próximos dias", disse o proprietário, Roberto Leandrini Júnior. Ele acrescentou que a explicação dada para alta foi a chuva, que atrapalharia a colheita da cana-de-açúcar.

Já no Cabeça Branca, de Santo André, esse item ainda tem chegado da distribuidora sem alteração de valores. "Ouvimos dizer que vai subir R$ 0,07, mas ainda não chegou", disse o gerente, Luís Adolfo.




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