A audiência pública que irá debater o futuro do Cine Teatro Carlos Gomes, na região central de Santo André, ficará para depois da eleição. Isso porque o secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Carlos Roberto Panini, enviou ofício à Câmara onde afirma ter "outros compromissos assumidos anteriormente na mesma data e horário".

O debate estava marcado para o dia 27. A nova data sugerida pelo secretário é o dia 8 de outubro, um dia depois das eleições municipais e um mês e dez dias após a data inicial. O documento assinado por Panini diz ainda que o adiamento tem "o claro objetivo de nos municiarmos com as corretas informações, elevando a qualidade do debate e dos esclarecimentos". Procurada, a Prefeitura não se pronunciou.

Integrantes do movimento SOS Carlos Gomes, que luta pela preservação do prédio, discordam da demora. Para a professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) Silvia Passarelli, nada justifica adiar o debate para outubro. "Para nós, é o mesmo que dizer ‘não queremos debater, a opinião pública não nos interessa'. Se pensarmos nos prazos que o promotor propôs, em outubro o projeto deverá estar acabado. Como desenvolver um projeto sobre um bem tão precioso sem um debate público?", questiona.

Silvia acredita, porém, que há outros meios de debater publicamente a reforma, que ocorre desde dezembro do ano passado e que gerou polêmica por ser executada sem o devido conhecimento e aprovação do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André). Para a educadora, o próprio conselho pode convocar audiência pública. "Porém, não era esse o objetivo dessa audiência na Câmara, pois pretendíamos debater sobre o Carlos Gomes que queremos, sobre o programa de necessidades para a reforma e ampliação do patrimônio", explica.

No dia 4, o Ministério Público recomendou à Prefeitura a imediata e completa paralisação da reforma no Carlos Gomes e apresentação de estudos técnicos no prazo máximo de 60 dias. Ainda conforme o MP, após a elaboração do projeto completo e integral de restauração, a Prefeitura terá 30 dias para submeter o documento à aprovação do Comdephaapasa. Só então a obra poderá ser retomada.